Os rebeldes xiitas Huthis, que controlam grande parte do Iémen, acusaram o exército norte-americano de ter bombardeado um complexo prisional no seu reduto de Saadah (norte), a 28 de abril, matando 68 migrantes africanos.
Segundo a organização não-governamental (ONG) de defesa e promoção dos direitos humanos, que afirmou ter analisado imagens de satélite e entrevistado três pessoas que trabalham com migrantes no Iémen, o bombardeamento norte-americano atingiu um centro de detenção para migrantes e um outro edifício no local.
"Este ataque resultou numa perda considerável de vidas civis, levantando sérias questões sobre o cumprimento pelos Estados Unidos das suas obrigações ao abrigo do direito humanitário internacional", afirmou Agnès Callamard, secretária-geral da Amnistia Internacional, citada num comunicado.
"Os Estados Unidos devem conduzir imediatamente uma investigação independente e transparente sobre este ataque aéreo e todos os outros ataques que causaram vítimas civis", acrescentou Callamard.
Washington lançou uma campanha de bombardeamentos aéreos no Iémen em janeiro de 2024, a partir de onde os Huthis realizavam ataques contra Israel e navios ligados a este país ao largo da costa, alegando estar a agir em apoio aos palestinianos da Faixa de Gaza, território devastado pela guerra entre o Hamas e as forças israelitas.
Os bombardeamentos intensificaram-se a partir de março de 2025, matando centenas de pessoas, segundo os Huthis, antes do anúncio de um cessar-fogo pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no passado dia 06 de maio.
Contactado pela agência noticiosa France-Presse (AFP) após o bombardeamento do centro de detenção migratório, o exército norte-americano disse que "leva muito a sério" as alegações de vítimas civis e que estava em curso uma "avaliação dos danos e investigação destas alegações".
"Esta avaliação, incluindo quaisquer conclusões sobre os danos causados aos civis (...) deve ser tornada pública rapidamente", afirmou hoje a Amnistia Internacional.
Por seu lado, a organização disse não ter sido capaz de verificar de forma independente o número de mortos ou investigar a presença de quaisquer alvos militares dentro do complexo prisional devido a "restrições impostas pelas autoridades Huthis".
"[Mas] qualquer ataque que não distinga entre civis e objetos civis, por um lado, e objetivos militares legítimos, por outro, incluindo dentro do mesmo recinto, constitui um ataque indiscriminado e uma violação do direito internacional humanitário", concluiu a Amnistia Internacional.
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