Em comunicado, Dobrindt afirmou que vai anular hoje, por escrito, uma instrução oral, que data de 2015, dada ao presidente da Polícia Federal para não recusar requerentes de asilo, para que a polícia passe a "poder efetuar essas recusas".
Dobrindt, do partido conservador bávaro União Social-Cristã (CSU), afirmou que "os números da migração irregular ainda são demasiado elevados" e que, por isso, "a República Federal da Alemanha vai tomar decisões para reduzir os seus números, bem como dos pedidos de asilo".
O país iniciou os controlos nas fronteiras com a Polónia, a República Checa e a Áustria em outubro de 2023 e alargou-os a todas as fronteiras nacionais em setembro de 2024.
O ministro do Interior assegurou que a Alemanha não vai fechar as suas fronteiras, pretendo não "sobrecarregar" os seus vizinhos.
"Mas vamos controlar [as fronteiras] de forma mais rigorosa e este controlo fronteiriço mais rigoroso também levará a um maior número de rejeições", afirmou Dobrindt.
"Vamos aumentar gradualmente este número mais elevado de rejeições e controlos fronteiriços mais rigorosos. Iremos garantir que mais agentes policiais sejam destacados para as fronteiras e possam realizar essas rejeições", disse ele.
A Alemanha tem cerca de 3.800 quilómetros de fronteiras com nove países, onde estão destacados 11.000 polícias, número que poderá aumentar para 14.000 com as medidas de Dobrindt, segundo o diário 'Bild'.
O ministro alemão sublinhou que, para o novo governo, "é crucial" que os "sejam protegidos grupos vulneráveis", nomeadamente crianças e mulheres grávidas.
"Continuamos a oferecer proteção especial e vamos garantir que estes grupos vulneráveis continuam a não ser rejeitados nas nossas fronteiras", prometeu Dobrindt.
Dobrindt sublinhou que já está em contacto com alguns dos países vizinhos da Alemanha e explicou que o novo governo alemão, liderado pelo conservador Friedrich Merz, tenciona utilizar a Lei do Asilo alemã em conjugação com os acordos bilaterais do país com os seus vizinhos e com o artigo do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia que estabelece que os Estados-Membros mantêm a capacidade de tomar decisões fundamentais para manter a ordem pública e a segurança interna.
Dobrindt reconheceu que os números de requerentes de asilo têm vindo a diminuir com algumas medidas tomadas, mas considerou-os "demasiado elevados, porque se juntam aos números dos anos anteriores".
O presidente da Polícia Federal alemã, Dieter Romann, detalhou ao lado do ministro que desde setembro de 2024 "houve sucessos surpreendentes", com 34 mil entradas ilegais registadas até terça-feira, das quais 23 mil foram rejeitadas ou devolvidas.
Neste período, registaram-se cerca de 4.600 a 4.700 requerentes de asilo nas fronteiras terrestres.
No ano passado, foram apresentados cerca de 940 mil pedidos de asilo na União Europeia (UE), enquanto os Estados-Membros apenas detetaram cerca de 238 mil entradas ilegais nas fronteiras externas, o que significa, segundo Romann, que "mais de 700 mil pessoas conseguiram atravessar as fronteiras externas".
A Alemanha apresentou 75.000 pedidos de retorno no ano passado e "só conseguiu fazer retornar 5.800", sublinhou Romann.
Simultaneamente, o país também detetou em 2024 a presença de mais de 2.200 pessoas de países terceiros com uma proibição de reentrada.
"Assim, podemos ver que os principais pilares da legislação europeia em matéria de migração são atualmente disfuncionais, pelo menos no que diz respeito à sua aplicação", afirmou.
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