Enviado norte-americano revela proposta de zona tampão de 30 quilómetros

O enviado norte-americano para a Ucrânia, Keith Kellogg, revelou uma proposta de Kiev de criação de uma zona tampão de 30 quilómetros entre as forças russas e ucranianas, sinalizando o apoio de Washington, mas que Moscovo disse hoje desconhecer.

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© Hennadii Minchenko/Ukrinform/NurPhoto via Getty Images

Lusa
07/05/2025 17:49 ‧ ontem por Lusa

Mundo

Ucrânia

Em declarações à estação televisiva Fox News na noite de terça-feira, Keith Kellogg explicou que esta zona desmilitarizada, criada no âmbito de um cessar-fogo de 30 dias, levaria as tropas da Ucrânia e da Rússia a recuarem respetivamente 15 quilómetros em relação às suas posições atuais e seria vigiada por uma coligação internacional que incluiria países como Reino Unido, Alemanha e França.

 

Segundo o enviado da Casa Branca (presidência norte-americana), as autoridades ucranianas "estão prontas para assinar hoje" um acordo abrangente de 30 dias de suspensão dos ataques aéreos, marítimos e terrestres a infraestruturas civis, que poderia ser prorrogado.

"O que eles [ucranianos] disseram basicamente foi: 'Nós vamos recuar 15 quilómetros, eles [russos] recuam 15 quilómetros'. Isto permitirá uma zona de 30 quilómetros [desmilitarizada] que pode ser observada e determinada se houver algum tipo de intrusão", explicou.

Nesse sentido, defendeu que seria "muito difícil" que os combates fossem retomados nestas circunstâncias, acreditando que, no final, "todos se vão simplesmente sentar e dizer 'obrigado, finalmente saímos desta'", e que a única pessoa que o pode concretizar é o Presidente norte-americano, Donald Trump.

Keith Kellogg avisou, porém, que o Presidente russo, Vladimir Putin, continua a ser "um obstáculo" para se chegar a um acordo, alertando que os ucranianos não serão os principais perdedores se não houver um entendimento.

"Chegámos a uma posição em que acredito honestamente que este é o máximo que podemos ir. Penso que estamos perto (...) desde que Putin concorde. Provavelmente um dos nossos obstáculos ao progresso é o Presidente da Rússia não concordar", afirmou.

Em reação, a Rússia disse hoje desconhecer qualquer proposta da Ucrânia para a criação de uma zona desmilitarizada na frente de combate.

"Não ouvimos uma única declaração deste tipo de Kyiv", comentou o porta-voz do Kremlin (presidência russa), Dmitri Peskov, à agência de notícias russa TASS.

Keith Kellogg avisou que "não são os ucranianos que vão ser prejudicados" com a postura de Moscovo, "porque os russos não estão a ganhar" esta guerra.

"Se estivessem a ganhar, estariam na margem oeste do rio Dnipro [centro da Ucrânia]. Estariam em Kyiv, mas não estão", sustentou o antigo general norte-americano.

Segundo o enviado da Casa Branca, os ucranianos estão numa "boa posição" na perspetiva de Washington e, embora "não gostem de todas" as condições para um cessar-fogo, estão dispostos a aceitá-lo imediatamente.

"Nas negociações, nenhum dos lados conseguirá tudo o que quer, mas este é um bom acordo para ambos os lados", observou o enviado norte-americano, que estimou as baixas de ambos os lados em mais de um milhão, o que exige "uma saída".

Esta não é a primeira vez que Kellogg levanta a questão do estabelecimento de uma zona desmilitarizada.

O enviado de Trump defendeu numa entrevista ao jornal britânico The Times, em meados de abril, que uma força ocidental, liderada por uma coligação franco-britânica, "não seria de forma alguma" uma provocação a Moscovo.

"Seria uma zona de exclusão bastante fácil de monitorizar. Haveria violações do cessar-fogo? Sim. Há sempre, mas seria fácil de monitorizar", previu, aludindo ao facto de o território da Ucrânia ser suficientemente grande para acomodar uma mobilização internacional e impor um cessar-fogo.

Após as declarações de Kellogg na Fox News, o vice-presidente norte-americano defendeu negociações diretas entre a Ucrânia e a Rússia para terminar o conflito.

"Acreditamos que é provavelmente impossível mediarmos completamente sem pelo menos algumas negociações diretas entre as duas partes. Portanto, é nisso que nos estamos a concentrar", declarou J.D Vance, durante um painel de debate em Washington, no âmbito da Conferência de Segurança de Munique.

Para assinalar o 80.º aniversário da vitória sobre a Alemanha nazi, Vladimir Putin anunciou uma trégua unilateral de três dias, a partir de quinta-feira.

Esta proposta foi, no entanto, rejeitada por Zelensky, que considera que um cessar-fogo de três dias é inútil e insistiu numa suspensão das hostilidades durante pelo menos 30 dias.

Zelensky disse ainda que a Ucrânia não pode garantir a segurança dos líderes estrangeiros convidados para as cerimónias do Dia da Vitória, na sexta-feira na capital russa, uma declaração recebida pelo Kremlin como uma ameaça.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Leia Também: Enviado de Trump esclarece que não defendeu "divisão" da Ucrânia

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