PSP membro do MAL nas listas do Ergue-te (e recebeu medalha do Estado)

O chefe da PSP surgia no 15.º lugar da lista dos candidatos suplentes do Ergue-te à Assembleia Municipal de Lisboa, na eleição de 26 de setembro de 2021. Já em 2022, foi reconhecido pelo Estado e recebeu uma medalha de prata por "comportamento exemplar".

Movimento Armilar Lusitano

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Daniela Filipe
21/06/2025 09:06 ‧ há 2 horas por Daniela Filipe

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MAL

O agente da Polícia de Segurança Pública (PSP) Bruno Napoleão Gonçalves, que se encontra em prisão preventiva por recrutar membros para o grupo neonazi Movimento Armilar Lusitano (MAL), integrou as listas do partido Ergue-te à Assembleia Municipal de Lisboa como suplente, na eleição de 26 de setembro de 2021. No ano seguinte, foi reconhecido pelo Estado e recebeu uma medalha de prata por “comportamento exemplar”.

 

A informação foi avançada pela SIC Notícias e confirmada pelo Notícias ao Minuto, que apurou que o chefe da PSP surgia no 15.º lugar da lista dos candidatos suplentes do partido ultranacionalista de extrema-direita ao órgão autárquico, apesar da incompatibilidade com as funções que exercia naquela força de segurança.

Já em 2022, o nome de Bruno Napoleão Gonçalves consta de uma lista referente à "concessão da medalha de comportamento exemplar a polícias da PSP relativas ao 2.º trimestre de 2022". O documento, datado de 3 de julho de 2023, dá conta de que o agente foi reconhecido com uma medalha de prata por “comportamento exemplar”, a 2 de abril do ano anterior.

De acordo com a SIC Notícias, a Direção Nacional da PSP desconhecia qualquer ligação do agente à política. Lembrou, de qualquer modo, que a filiação é incompatível com as funções, bem como que a Inspeção Geral da Administração Interna (IGAI) tem competências para abrir um processo disciplinar, à semelhança do exercido pela Polícia Municipal de Lisboa.

Recorde-se que o chefe da PSP seria o responsável pelas entrevistas presenciais de recrutamento ao grupo neonazi, que foi fundado pelo próprio, em 2018. O motorista de pesados Bruno Carrilho, que também foi detido na terça-feira, e a segurança privada Tatiana Lages são as duas outras ‘mentes’ por detrás do coletivo.

Foi em meados de 2021 que o grupo começou a recrutar novos membros, tendo o polícia e o motorista de pesados recorrido ao Telegram e ao Signal para espalhar a mensagem.

Os candidatos, que eram privilegiados por terem conhecimentos em manuseamento de armas ou por serem militares, agentes das forças de segurança ou do ramo da segurança privada, estavam sujeitos ao preenchimento de boletins com informações pessoais, a questionários online e a entrevistas presenciais. Se Bruno Gonçalves estava a cargo destas últimas, Bruno Carrilho avaliava as fichas dos candidatos que, se fossem aprovados, eram adicionados a canais privados.

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Sabe-se agora que o agente da PSP que pertence ao Movimento Armilar Lusitano (MAL) seria o responsável pelas entrevistas presenciais de recrutamento para entrar no grupo neonazi. Bruno Gonçalves, que estava como chefe da Polícia Municipal de Lisboa, está atualmente em prisão preventiva.

Notícias ao Minuto | 09:47 - 20/06/2025

O movimento cativou elementos de grupos de extrema-direita, como os 'Gárgulas de Portugal', 'Soldiers of Odin', 'Nova Ordem Portuguesa' e 'Nova Ordem Social', fundada pelo neonazi Mário Machado, e criou células autónomas de norte a sul do país, que compravam materiais e equipamentos para fabricar armas em 3D. O Ministério Público (MP) acredita que o objetivo passava por difundir a rejeição pelas instituições estatais, mediante a eventual eliminação do Estado de direito democrático.

A Polícia Judiciária (PJ) deteve, na terça-feira, seis suspeitos de pertencerem ao MAL, tendo quatro ficado em prisão preventiva e dois sujeitos à obrigação de apresentação periódica.

Quatro dos arguidos foram indiciados pelo "crime de infrações relacionadas com grupo terrorista e, cada um, também, pela prática de crimes de infração terrorista, relacionada com a detenção e fabrico de armas em 3D com intenção terrorista". Já os dois outros detidos, que serão pais de dois dos arguidos, foram indiciados por "crimes comuns de detenção de arma proibida".

O MAL ambicionava tornar-se num movimento político apoiado por um grupo paramilitar. Os membros estavam, por isso, "a armar-se" e a "recrutar pessoas", para garantirem que tinham "capacidade de treino tática para uma ação" de larga escala.

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