ONU reduz ações no Iémen após repressão dos Huti contra pessoal humanitário
As Nações Unidas estão a reduzir as atividades no Iémen devido à repressão dos rebeldes Huti sobre os funcionários da ONU e outras organizações de direitos humanos, de desenvolvimento e de educação, disse hoje a principal responsável da organização.
© Mohammed Hamoud/Anadolu via Getty Images
Mundo Nações Unidas
A chefe humanitária interina da ONU, Joyce Msuya, disse ao Conselho de Segurança da ONU que as Nações Unidas tomaram medidas "para minimizar a exposição do pessoal ao risco nas áreas controladas por Huti".
A ONU reduziu o seu foco para "atividades essenciais de salvamento e manutenção da vida", relegando para segundo plano as ações destinadas a desenvolver a nação mais pobre do mundo árabe.
Em junho, os hutis detiveram mais de 60 pessoas que trabalhavam com a ONU e outras organizações, de acordo com o gabinete de Direitos Humanos da ONU.
Dias depois, os hutis anunciaram ter prendido membros do que chamaram de "rede de espionagem americano-israelita". As alegações dos hutis não puderam ser verificadas de forma independente.
Msuya disse que a ONU rejeita veementemente as "falsas alegações" dos hutis contra as organizações humanitárias, incluindo as recentes alegações de interferência da ONU no sistema educativo do Iémen.
"Estas alegações ameaçam a segurança do pessoal, dificultam ainda mais a capacidade da ONU e dos seus parceiros para servir o povo iemenita e devem cessar imediatamente", afirmou.
Msuya e o enviado especial da ONU, Hans Grundberg, reiteraram o pedido do Secretário-Geral, António Guterres, para a libertação imediata de todos os detidos, incluindo o pessoal da ONU, membros da sociedade civil, pessoal das missões diplomáticas, funcionários do setor privado e indivíduos de comunidades religiosas minoritárias.
Grundberg indicou já terem passado mais de 100 dias desde que os hutis lançaram uma onda de detenções "visando iemenitas envolvidos em esforços relacionados com a assistência humanitária".
Os hutis estão envolvidos numa guerra civil com o governo internacionalmente reconhecido do Iémen, apoiado por uma coligação liderada pela Arábia Saudita, desde 2014, quando assumiram o controlo da capital, Sanaa, e da maior parte do norte do país.
A guerra no Iémen já matou mais de 150.000 pessoas, entre combatentes e civis, e criou uma das piores catástrofes humanitárias do mundo.
Os rebeldes prenderam milhares de pessoas durante a guerra. Nos últimos meses, intensificaram a repressão da dissidência no seu país, tendo recentemente condenado 44 pessoas à morte.
Msuya alertou para o facto de a situação humanitária no Iémen estar a "deteriorar-se constantemente", com 62% dos agregados familiares inquiridos a declararem não ter o suficiente para comer, um número "historicamente elevado".
"Pela primeira vez, três distritos - dois em Hodeida e um em Taiz - estão a enfrentar níveis extremamente críticos de desnutrição. Prevê-se que mais quatro distritos atinjam este nível até outubro".
Até o final de dezembro, disse Msuya, as estimativas projetam que mais de 600.000 crianças em áreas controladas pelo governo estarão gravemente desnutridas e cerca de 118.000 sofrerão de desnutrição aguda grave - um aumento de 34% desde 2023.
"O tempo é essencial se quisermos evitar uma catástrofe", afirmou, sublinhando que o apelo humanitário da ONU de 2,7 mil milhões de dólares para o Iémen este ano só tem 28% de financiamento.
Leia Também: EUA afirmam que destruíram sistema de mísseis dos rebeldes Hutis
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com