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RDCongo. Antigo embaixador na ONU pede pressão internacional sobre Ruanda

O antigo embaixador da República Democrática do Congo (RDCongo) na ONU urgiu a comunidade internacional a pressionar o Ruanda para facilitar negociações de paz entre milícias e o Exército no leste do país e elogiou os esforços de Angola.

RDCongo. Antigo embaixador na ONU pede pressão internacional sobre Ruanda
Notícias ao Minuto

18:37 - 24/01/24 por Lusa

Mundo RDCongo

Num debate hoje promovido pelo Instituto britânico para as Relações Internacionais Chatham House, Georges Nzongola-Ntalaja, agora professor da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill, elogiou os esforços recentes do antigo Presidente do Quénia Uhuru Kenyatta e do atual Presidente de Angola, João Lourenço. 

"São bastante encorajadores e devem ser continuados. Especialmente a mini-cimeira de Luanda, de novembro de 2022, que resultou num cessar-fogo com o [movimento rebelde] M23, mas que não foi respeitado", recordou. 

Nzongola-Ntalaja responsabiliza o Presidente do Ruanda, Paul Kagame, que a RDCongo acusa de providenciar apoio militar ao M23, de prejudicar as negociações de paz. 

"Enquanto os parceiros importantes da comunidade internacional não impuserem sanções importantes, ele nunca negociará a paz. A comunidade internacional precisa de apoiar estas negociações e sancionar as pessoas que se recusam a cumprir os acordos", argumentou o antigo diplomata.

Outros especialistas participantes no evento avisaram que o relançamento do processo de paz na RDCongo pode ser complicado. 

"É um momento muito oportuno para o fazer, claro, com a entrada em funções de um novo governo congolês", liderado pelo Presidente reeleito Félix Tshisekedi, admitiu a professora na universidade holandesa de Groningen Judith Verweijen. 

Porém, avisou a académica, a negociação será difícil devido ao número de grupos armados na região, superior a 120, e à diversidade de motivações. 

Outro desafio será encontrar uma solução para os membros dos grupos armados, pois a integração nas forças armadas congolesas foi interrompida em 2012. 

"Em geral, nas negociações, um dos principais problemas é como não criar incentivos para uma maior mobilização. Isto foi algo a que assistimos em negociações e processos de paz anteriores no Congo", recordou.

Verweijen referiu a complexidade de interlocutores, desde grupos armados à sociedade civil, representantes da diáspora e políticos locais e nacionais. 

A académica aludiu ainda à influência da política na região dos Grandes Lagos, onde "Estados vizinhos conduzem guerras através de terceiros no Congo Oriental, apoiando grupos rebeldes que se opõem a governos que consideram desfavoráveis".

O diretor executivo do Centro Africano para a Resolução Construtiva de Disputas (ACCORD), Vasu Gounden, considera que a falta de desenvolvimento económico no país e o crescimento demográfico são fatores de desestabilização porque torna os jovens vulneráveis ao recrutamento por grupos rebeldes em toda a região. 

Este responsável apontou ainda para "uma multiplicidade de atores de todo o mundo que estão envolvidos nos conflitos africanos, o que está a trazer novos desafios aos conflitos no continente" e ainda "atores não estatais como empresas militares privadas que proliferam atualmente em África".

A RDCongo é o maior país da África Subsariana e possui uma enorme riqueza mineral, mas tem sofrido com um conflito entre dezenas de milícias rebeldes e o Exército no leste do país, em especial em Kivu do Norte, província parcialmente ocupada há dois anos pelo M23 ("Movimento 23 de março"), apoiado pelo Ruanda. 

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), existem cerca de sete milhões de pessoas deslocadas na RDCongo, das quais 5,5 milhões no leste deste país que faz fronteira com Angola.

Em dezembro começaram a chegar tropas da África do Sul, Tanzânia e Maláui para formar uma força de paz, SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral).  

A SAMIDRC sucede à operação MONUSCO, conduzida pela Comunidade da África Oriental (EAC), cujo mandato terminou a pedido de Kinshasa após 25 anos no terreno por considerá-la ineficaz.

Leia Também: Onze civis mortos por milicianos no oeste da RDCongo

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