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Sudão. População de Cartum "privada de serviços que salvam vidas"

A organização não-governamental (ONG) Médicos Sem Fronteiras (MSF) alertou hoje para o facto de a população do estado de Cartum estar a ser "cada vez mais privada de cuidados de saúde" nos últimos meses. 

Sudão. População de Cartum "privada de serviços que salvam vidas"
Notícias ao Minuto

15:22 - 18/01/24 por Lusa

Mundo Médicos sem Fronteiras

"Muito poucas instalações médicas permanecem funcionais, privando três milhões de habitantes de serviços médicos que salvam vidas", afirmaram os MSF através de um comunicado a que a agência Lusa teve acesso.

A ONG anunciou também que, pela primeira vez em mais de 90 dias, "foi concedido um número limitado de autorizações de viagem ao pessoal humanitário para aceder às zonas controladas pelas Forças de Apoio Rápido [RSF, na sigla em inglês]", como Cartum e Wad Madani.

Não eram concedidas autorizações de viagem para Cartum desde 01 de outubro de 2023.

Os MSF pedem às autoridades sudanesas, no comunicado, que garantam que essas restrições não sejam restabelecidas, "a fim de evitar mais perdas de vidas".

"Apesar do êxodo anterior de Cartum, devido aos combates em curso, ainda há um grande número de pessoas que não puderam dar-se ao luxo de fugir, ou não puderam fazê-lo devido a vulnerabilidades ou insegurança, e estão agora a lutar para ter acesso a tratamento crítico", explicou o chefe da missão dos MSF no Sudão, JeanGuy Vataux, citado no comunicado.

Em Cartum são poucos os hospitais operacionais, e o preço dos medicamentos essenciais continua a subir, de acordo com os MSF.

As equipas da ONG no Hospital Turco, um dos poucos ainda em funcionamento em Cartum, recebem mais de 100 pacientes por dia, na maioria crianças e mulheres grávidas.

Segundo os MSF, "muitos chegam em estado crítico, em estágios avançados da doença, tendo assumido o risco calculado de viajar até o hospital, percorrendo muitas vezes quilómetros a pé e através das linhas de frente, já que não há serviço de ambulância e há muito poucas opções de transporte disponíveis".

"Uma menina de quatro anos foi trazida para o nosso serviço de urgência depois de ter sido atingida no abdómen por uma bala perdida que entrou em sua casa. A mãe levou-a a três hospitais e só conseguiu tratamento cirúrgico no Hospital Turco", contou Vataux.

Várias equipas dos MSF enfrentam "sérios desafios para manter os serviços abertos, em grande parte devido a restrições administrativas às autorizações de viagem do pessoal", de acordo com o comunicado.

"A procura de serviços de saúde em Cartum só tem aumentado desde a violência que se abateu sobre o Estado de Al Jazira [centro-leste do país], em meados de dezembro. Isso levou a que muitas instalações de saúde em Wad Madani, a capital do estado, ficassem inoperacionais, e também a que muitas pessoas regressassem a Cartum", segundo os MSF.

Desde 15 de abril de 2023, o exército e as RSF, do general Mohammed Hamdane Daglo, estão em guerra pelo poder no Sudão.

De acordo com uma estimativa da ONG Armed Conflict Location & Event Data Project, mais de 13.000 pessoas morreram no conflito.

Além disso, mais de 7,7 milhões de pessoas já foram deslocadas das suas casas, segundo as Nações Unidas (ONU), tornando o Sudão a nação com a maior crise de refugiados do mundo.

Leia Também: Médicos Sem Fronteiras alertam sobre falta de locais seguros em Gaza

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