"Vou propor o fim de vários pequenos grupos", afirmou Gérald Darmanin, em declarações à rádio pública France Inter, mencionando "um grupo chamado Divisão Martel, que só o nome assusta", e outros dois cujos nomes não pode mencionar.
Na segunda-feira, seis militantes franceses de extrema-direita foram condenados a penas entre seis e dez meses de prisão, com entrada imediata, pelos incidentes ocorridos no sábado em Romans-sur-Isère, localidade no sudeste de França.
Várias dezenas de militantes de extrema-direita responderam no sábado a apelos feitos nas redes sociais, para se juntarem em Romans-sur-Isère e confrontarem jovens daquela localidade, onde na semana passada a polícia deteve nove pessoas suspeitas de envolvimento no ataque a uma festa na localidade de Crepol (situada a cerca de 20 minutos de carro de Romans-sur-Isère), em 18 de novembro, no qual morreu um adolescente de 16 anos.
A extrema-direita atribui a autoria do ataque a jovens de origem magrebina, que vivem nos bairros da periferia de Romans-sur-Isère.
Os seis militantes de extrema-direita foram condenados por terem causado danos materiais, atos violentos contra agentes da polícia e participação num grupo que preparava atos violentos.
O ministro da Administração Interna saudou hoje as condenações, considerando que a reação das autoridades e da polícia permitiu "evitar um cenário à irlandesa", em referência aos motins que aconteceram em Dublin na semana passada, após um ataque com uma faca, do qual resultaram quatro feridos.
A primeira-ministra francesa, Elisabeth Borne, pediu a Gérald Darmanin e ao ministro da Justiça, perante a Assembleia Nacional, que "façam propostas para combater eficazmente [contra] estes gangues e evitar que causem danos".
"Face à desinibição da violência de alguns, precisamos de novas respostas", afirmou Elisabeth Borne, citada pela Agência France Presse.
O ministro da Administração Interna considerou que, "porque foi firme, a França evitou uma pequena guerra civil", classificando a morte do rapaz de 16 anos em Crepol, como uma "tragédia ignóbil".
Para o governante, o país não deve "permitir que alguém faça justiça em nome do Estado". "Há na extrema-direita uma mobilização para nos empurrar para uma guerra civil", disse.
De acordo com Gérald Darmanin, pelo menos um elemento do grupo Divisão Martel é suspeito de estar envolvido nos incidentes ocorridos em Romans-sur-Isère.
O grupo Divisão Martel surgiu no segundo semestre de 2022, após a dissolução de outros pequenos grupos, e fez-se notar em dezembro do mesmo ano durante uma tentativa de perseguição a adeptos magrebinos, à margem da semifinal do campeonato do Mundo de Futebol, entre França e Marrocos.
"Há vários meses que os serviços seguem este grupo que visa, de facto, promover o recurso à violência para encorajar o aparecimento da supremacia nacionalista e xenófoba", disse o ministro da Administração Interna, em declarações à Agência France Presse.
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