"Em nome da Constituição, apelo a todos os partidos que encontrem uma solução para as suas diferenças e abandonem a violência. Daremos as boas-vindas a todos os partidos nas eleições", disse o responsável do órgão eleitoral do Bangladesh, Kazi Habibul Awal, numa declaração televisiva.
O anúncio da data das eleições foi realizado apesar dos pedidos do principal partido da oposição, o Partido Nacionalista do Bangladesh (BNP), e dos seus aliados para o suspender até que se alcançasse um acordo com o Governo.
Os partidos da oposição saíram às ruas para exigir a demissão do Governo da primeira-ministra bangladeshiana, Sheikh Hasina, e a formação de um Executivo neutro para supervisionar as eleições.
Esta solução, praticada em várias eleições entre as décadas de 1990 e 2000, foi posteriormente abolida pela Liga Awami, partido no poder, levando a oposição a boicotar as eleições de 2014.
As eleições de 2018 contaram com a presença do BNP, mas foram marcadas por alegações de fraude eleitoral. A Liga Awami e os seus aliados conquistaram 288 lugares dos 300 em disputa no Parlamento.
Os protestos da oposição foram acompanhados de episódios de violência, com pelo menos onze mortos, e detenções em massa. O BNP informou que mais de 11.000 dos seus líderes e ativistas foram detidos pelas autoridades desde que o partido organizou uma grande manifestação em Daca, em 28 de outubro.
Entre os detidos estão o secretário-geral do BNP, Mirza Fakhrul Islam Alamgir, encarregado de liderar o partido na ausência da líder da oposição e ex-primeira-ministra de Bangladesh, Khaleda Zia, em prisão domiciliária desde 2020, e do seu filho, Tarique Rahman, exilado em Londres desde 2008.
O clima político tenso levou a comunidade internacional a apelar repetidamente ao diálogo entre as partes, como fez esta semana o subsecretário de Estado dos Estados Unidos para os Assuntos da Ásia Central e do Sul, Donald Lu, numa carta dirigida aos três principais partidos do país asiático.
O secretário-geral da Liga Awami, Obaidul Quader, limitou-se a dizer aos meios de comunicação que a oportunidade de dialogar com a oposição "não existe mais", após se reunir hoje com o embaixador dos Estados Unidos no Bangladesh, Peter Haas.
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