Documentário revive assassinato de Kennedy com últimas testemunhas vivas

Um novo documentário da National Geographic regressa ao assassinato do presidente norte-americano John F. Kennedy no 60º aniversário da sua morte, com imagens de arquivo colorizadas e entrevistas inéditas às últimas testemunhas vivas do acontecimento. 

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© Reuters

Lusa
02/11/2023 15:28 ‧ 02/11/2023 por Lusa

Mundo

John F. Kennedy

'JFK: Um Dia na América' inclui testemunhos dos dois agentes do Serviço Secreto que protegiam a primeira dama, Jackie Kennedy, naquele dia, 22 de novembro de 1963, um jornalista que seguia no autocarro de correspondentes da Casa Branca e o colega que deu boleia ao atirador Lee Harvey Oswald naquela manhã de sexta-feira.

"JFK era visto como um símbolo de esperança para tanta gente, por causa das suas ambições em termos de direitos civis, de enviar um homem à lua, e as políticas esperançosas que estava a tentar implementar" disse à Lusa a realizadora da série documental, Ella Wright. 

"Ele e a Jackie pareciam estrelas de cinema, tinham imenso carisma e despertavam fascínio", continuou. "Tinham um apelo global, além de serem muito amados pelos americanos". 

A série estreia em Portugal e Estados Unidos a 05 de novembro no canal National Geographic, em contagem decrescente para os 60 anos do assassinato. 

É lançada numa altura em que o sobrinho de JFK, Robert F. Kennedy Jr., lidera uma campanha independente às presidenciais de 2024, que está a conseguir tração. Numa nova sondagem da Quinnipiac University, publicada esta semana, "Bobby" Kennedy conseguiu 22% numa corrida a três, contra 36% de Donald Trump e 39% do incumbente Joe Biden. 

Robert F. Kennedy Jr. não tem o apoio de um aparelho partidário, mas o reconhecimento do nome é tão forte que o desempenho supera as expectativas. 

Esse é um dos legados que perdura 60 anos depois do dia que mudou o rumo da história, "o dia em que a América perdeu a sua inocência", segundo um dos agentes secretos entrevistados. 

"O testemunho foi incrivelmente vívido e visceral. Todas as pessoas com quem falámos ainda sentem uma ligação emocional muito forte ao que lhes aconteceu", indicou Ella Wright. "A idade intensificou a experiência". 

Em três episódios, a série mostra uma vertente diferente do assassinato em Dallas, Texas, e as suas consequências para o país e para o mundo. 

"Estávamos interessados em pessoas que tinham uma história do lado de dentro e nos pudessem contar como foi estar lá", referiu Ella Wright. "Não queríamos analistas", resumiu. 

A equipa da National Geographic trabalhou com o Sixth Floor Museum at Dealey Plaza -- localizado no sítio de onde Lee Harvey Oswald atirou a matar -- para colorizar partes do arquivo pela primeira vez. 

O processo foi feito em parceria com uma empresa de colorização em França que empregou uma equipa de historiadores para garantir a precisão das cores. "Foi importante para que não houvesse barreiras entre o filme e a audiência", referiu Wright. O resultado é uma imagem que parece bastante mais contemporânea que os vídeos a preto e branco da época.

Esse era o objetivo, explicou a realizadora. "Queríamos criar uma experiência imersiva e fazer as pessoas sentir estes acontecimentos como nunca tinham sentido antes". 

A série fornece contexto histórico e Ella Wright reconhece os paralelos entre a situação que a América vivia nos anos sessenta e a que vive agora: muito polarizada, extremamente dividida em direitos civis e temas sociais. 

No entanto, a forma como os episódios foram montados não é de retrospetiva nem de análise comparativa. O ângulo é o de momento presente, com a audiência a ser levada minuto a minuto para os acontecimentos como se fosse um documentário em tempo real. 

"Muitos documentários focam-se na conspiração e são muito analíticos. A nossa missão era diferente", frisou Ella Wright. "Queríamos transportar as pessoas para o passado e deixá-las sentir o que seria estar lá a viver estes acontecimentos, na América dos anos sessenta". 

Os paralelismos na polarização esbatem-se noutros aspetos, que refletem uma sociedade diferente. Por exemplo, a arma ser carregada em mãos para o terceiro piso do departamento da polícia e Lee Harvey Oswald, acusado de assassinar o presidente, dar uma conferência de imprensa. "Estas são coisas que achei incríveis e muito sintomáticas daquele tempo", disse a realizadora. 

Por outro lado, a equipa queria contar a tragédia familiar e a "coragem" de Jackie, que estava ao lado do marido quando esteve foi alvejado na cabeça. "Não foi só o presidente dos Estados Unidos que morreu, foi também um marido e um pai".

Sid Davis, correspondente da Casa Branca na altura, conta que quando o vice-presidente Lindon Johnson estava a ser empossado, perguntaram a Jackie Kennedy se queria mudar de roupa, porque o seu vestido estava todo ensanguentada. Ela respondeu "Não, eles que vejam o que fizeram". 

"É uma afirmação tão poderosa e um testemunho da sua coragem, quando há poucas horas assistiu ao marido a ser assassinado", considerou Ella Wright. 

"Ao impacto que isto teve eu chamaria de tragédia. Mais do que qualquer documentário em que trabalhei, isto é incrivelmente emotivo", sublinhou a realizadora. "A emoção que vemos nos arquivos fala por si própria. É algo que marcou muito as pessoas e ainda marca". 

Leia Também: Depois de 'The Crown', Netflix considera lançar série de John F. Kennedy

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