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Presidente sérvio aponta "dois grandes obstáculos" na adesão à UE

O Presidente sérvio identificou hoje a relação com o Kosovo e a recusa em aplicar sanções contra a Rússia como "dois grandes obstáculos" na adesão à União Europeia, enquanto a presidente da Comissão Europeia disse esperar um parceiro "fiável".

Presidente sérvio aponta "dois grandes obstáculos" na adesão à UE
Notícias ao Minuto

14:26 - 31/10/23 por Lusa

Mundo Aleksandar Vucic

"Um facto é a nossa não total conformidade com a politica externa europeia, a não imposição de sanções contra a Rússia, e o outro tema é a nossa relação com Pristina. (...) A maior parte da culpa não está do nosso lado. (...) Dois grandes obstáculos neste momento são Kosovo e sanções contra a Federação russa", disse Aleksandar Vucic, numa conferência de imprensa ao lado de Ursula Von der Leyen, no Palácio da Sérvia, em Belgrado.

O chefe de Estado sérvio afirmou que o país "vai continuar a implementar reformas no sistema judicial e democrático, há muito mais coisas que podem continuar a ser feitas".

Depois de, na segunda-feira, Von der Leyen ter dito em Pristina que iria debater às autoridades sérvias um reconhecimento 'de facto' do Kosovo -- o que não repetiu hoje -, o Presidente sérvio reiterou que "o reconhecimento do Kosovo não é uma questão" para Belgrado.

Por seu lado, Von der Leyen garantiu que "o alargamento está no topo da agenda da União Europeia", apesar de não se ter comprometido com o prazo de 2030 avançado recentemente pelo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.

"É um tempo de turbulência global, temos de fortalecer a unidade e segurança do nosso continente e o alargamento é a forma de o fazer", afirmou a responsável da Comissão Europeia.

"Queremos que a Sérvia se junte à nossa União. A oferta é baseada em confiança, reciprocidade, parceria É uma promessa de paz e prosperidade e uma oportunidade única, neste momento, que mais ninguém pode igualar. Espero muito e estou convencida de que [a Sérvia] vai honrar este momento", declarou Von der Leyen.

A Sérvia -- que abriu o processo de adesão há 10 anos, "é dos países mais avançados", acrescentou.

"Queremos que deem os próximos passos para se aproximarem mais, incluindo na política externa. Queremos contar com a Sérvia como um parceiro europeu fiável, defendendo os nossos princípios e valores comuns", sublinhou.

Belgrado, que tem uma relação histórica e económica com a Rússia, tem recusado aplicar as sanções internacionais contra Moscovo, devido à dependência energética e por também ter sido um país sob sanções.

Quanto ao Kosovo, província sérvia que autoproclamou independência em 2008, o Presidente sérvio reiterou a recusa de Belgrado em reconhecê-lo, justificando que tal "é contra" a Constituição. A tensão entre as duas capitais agravou-se recentemente, após um agente da polícia do Kosovo ter sido morto, em 24 de setembro, a poucos quilómetros da fronteira com a Sérvia, tendo morrido mais três homens numa intensa troca de tiros.

"A Sérvia está comprometida com a preservação da paz e estabilidade. Sabe as suas obrigações, de acordo com o que foi acordado, e vai cumpri-las. É claro o que não pode fazer contra a sua própria Constituição e já o dissemos em várias ocasiões. Esta é a posição da Sérvia, que vai manter-se", salientou Vucic.

O chefe de Estado sérvio disse também esperar que "outros também cumpram as suas obrigações, como é suposto há quase 11 anos", numa referência à criação, pelas autoridades de Pristina, da Associação de Municípios Sérvios, nas localidades de maioria sérvia no Kosovo, acordada entre as duas partes.

"Receio que não vejamos uma Associação de Municípios Sérvios nos próximos tempos, porque conheço todos os truques dos Balcãs", lamentou.

Por seu lado, Von der Leyen insistiu na necessidade de normalização das relações, pedindo o envolvimento "de ambos", nomeadamente na aplicação da associação de municípios.

O "ataque violento" de 24 de setembro "é absolutamente inaceitável" e os seus autores "devem ser levados à justiça", defendeu.

"É essencial que a Sérvia inicie a implementação de acordos existentes e não perca tempo", disse a presidente da Comissão, considerando que "o sítio certo" é através do diálogo facilitado pela UE, "o único caminho para um futuro em que a Sérvia seja uma parte da União Europeia".

Questionada sobre declarações, esta segunda-feira, sobre o reconhecimento 'de facto' do Kosovo, Von der Leyen disse que o acordo assinado prevê "vários passos, incluindo o reconhecimento de documentos e instituições pela Sérvia, o que vai lado a lado com o estabelecimento da associação de municípios", o que foi saudado pelo Presidente sérvio como uma "posição muito mais suave".

Sobre o prazo para o alargamento, a presidente da Comissão afirmou que defende processos baseados no mérito.

"Os candidatos também têm de se preparar. Há um movimento agora, um 'mometum' que devemos aproveitar, porque mostra uma atitude muto positiva de que tenhamos um alargamento. Vamos fazer o trabalho de casa, por favor façam o vosso trabalho de casa e vamos dar um passo em frente", pediu.

Von der Leyen instou ainda a Sérvia a fazer "reformas essenciais" na independência judiciária e a "continuar a trabalhar" para promover a liberdade de imprensa, saudando as autoridades por terem recentemente aprovado "reformas importantes".

"Vamos continuar no nosso caminho e tentar acelerar a nossa integração, arregaçar as mangas e fazer tudo o que pudermos, desde que não esteja contra os nossos princípios", comprometeu-se o Presidente sérvio.

[Notícia atualizada às 15h14]

Leia Também: Oposição sérvia pede à UE que sancione o presidente Vucic mas não o país

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