O exército da Colômbia pediu desculpas, oficialmente, após ter sido tornado público que foi responsável pela morte de 6.402 civis, entre 2002 e 2008.
Um inquérito, citado pela BBC, revelou que estes milhares de civis foram assassinados e camuflados como rebeldes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC, na sigla em espanhol).
Trata-se de uma manobra que foi levada a cabo pelo exército do país para maquilhar os esforços de combate contra a guerrilha de extrema-esquerda, aumentando assim o alegado número de guerrilheiros mortos.
Na realidade, eram jovens de bairros pobres de Bogotá, e dos arredores da capital, a quem eram prometidos contratos laborais em partes rurais da Colômbia. Uma vez chegados aos locais, no entanto, eram executados por militares colombianos, que os vestiam em roupas de guerrilheiro, colocando-lhes armas nas mãos.
O inquérito cita ainda soldados que assumiram ter sofrido pressão dos seus superiores para aumentar o seu número de mortes, sendo recompensados com promoções ou dias de folga.
O comandante do exército colombiano, Luis Ospina, disse que "foram cometidos atos dolorosos por membros do exército nacional que nunca deveriam ter acontecido".
Na terça-feira, num evento realizado na praça principal de Bogotá, o ministro da Defesa da Colômbia, Iván Velásquez, pediu desculpas às mães das vítimas, que lutaram durante anos para descobrir a verdade por trás da morte dos seus filhos. No local estavam familiares de 19 jovens que foram executados pelo exército colombiano, perto da fronteira com a Venezuela, fazendo-os passar depois por rebeldes.
“Estamos aqui diante das vítimas, diante da sociedade colombiana, diante da comunidade internacional, para pedir desculpas”, disse Velásquez.
A Jurisdição Especial para a Paz (JEP), o sistema judicial de transição criado no âmbito do acordo de paz assinado entre o governo colombiano e as FARC, tem investigado os chamados "falsos positivos".
Mais de 700 membros das forças de segurança prestaram depoimento até agora e, em agosto, o ex-comandante do exército colombiano, general Mario Montoya, foi acusado de estar por trás de 130 “falsos positivos”.
Leia Também: ONU pede aos EUA que libertem "enviado especial" venezuelano Alex Saab