Presidente do Zimbabué antecipa forte participação nas eleições gerais

O Presidente do Zimbabué, Emmerson Mnangagwa, previu uma grande afluência às urnas nas eleições que decorrem hoje, em declarações depois de votar num plebiscito marcado pelo agravamento da crise económica no país e pela perseguição de rivais políticos.

Presidente reeleito reivindica eleição "livre e justa"

© Reuters

Lusa
23/08/2023 14:14 ‧ 23/08/2023 por Lusa

Mundo

Zimbabué

"Cumpri o meu dever de cidadão do país ao decidir quem deve ser o presidente", disse à saída da mesa de voto no distrito de Chirumhanzu o chefe de Estado, citado pelo diário zimbabueano 'The Herald'.

Mnangagwa observou que as eleições de hoje se realizam no contexto de uma maior consciencialização por parte da população, incluindo as gerações mais jovens, que "estão muito interessadas" em votar.

"Desta vez tivemos uma afluência às urnas muito elevada", disse o Presidente, líder do partido que governa o país desde a sua independência em 1980, a União Nacional Africana do Zimbabué-Frente Patriótica (ZANU-PF), sublinhando o crescimento em 1,5 milhões do número de eleitores nas últimas eleições gerais, realizadas em 2018.

"Temos agora mais de seis milhões de eleitores registados, da última vez tínhamos cerca de cinco milhões, por isso temos mais um milhão e meio", disse.

Com uma imagem muito degradada por cinco anos de inoperância política, proliferação dos casos públicos de corrupção e sobretudo pelo mau desempenho da economia, Mnangagwa, apelidado de "Crocodilo" devido a um caráter tido como impiedoso, cortou uma série de fitas nas últimas semanas, inaugurando centrais elétricas e clínicas.

Mas os dados para estas eleições terão sido lançados fora destes palcos mais mediáticos, segundo as organizações não-governamentais.

No final de uma campanha recheada de intimidações e detenções de opositores num país marcado por um longo historial de eleições irregulares, poucos acreditam que o líder da oposição zimbabueana, Nelson Chamisa, apelidado de "o jovem" em contraste com o octogenário Mnangagwa, sairá vitorioso.

Para o cientista político zimbabueano Brian Kagoro, citado pela agência France-Presse (AFP), se a campanha não tivesse sido tão tendenciosa contra a oposição, esta teria sido "a eleição mais fácil de ganhar" em 15 anos.

A organização internacional Human Rights Watch previu, por outro lado, um "processo eleitoral gravemente viciado". Foram registadas grandes irregularidades nos cadernos eleitorais, o que suscita receios de fraude eleitoral quando os votos forem contados.

Estas preocupações são "fruto de uma imaginação hiperativa", considerou em declarações à AFP Rodney Kiwa, vice-presidente da Comissão Eleitoral zimbabueana (ZEC). "Estamos prontos. Se houver problemas, resolvê-los-emos", acrescentou.

Não obstante as perspetivas sombrias, a oposição, historicamente forte nas cidades, espera ganhar com os votos de protesto, baseado no descontentamento com a economia marcada pelo desemprego recorde e pela hiperinflação, que em julho último atingiu os 101%.

A Coligação de Cidadãos para a Mudança (CCC), de Chamisa, espera que a crise económica faça pender as eleições a seu favor e promete construir um novo Zimbabué "para todos".

O próprio líder da oposição, um advogado e pastor de 45 anos, reconheceu no seu último comício em Harare, na passada segunda-feira, perante uma multidão vestida de amarelo, a cor da CCC, que não obstante "mais de uma centena de comícios" terem sido "proibidos", "Deus diz que chegou a altura de [ele] ser presidente".

"Vamos ganhar estas eleições" e até "por uma larga margem", previu.

Os zimbabuenanos elegem hoje não só o novo Presidente do país, mas também os membros de um parlamento de 350 lugares, com 270 lugares na Assembleia Nacional - 60 reservados às mulheres - e 80 no Senado, bem como os seus representantes nos conselhos locais. Os resultados devem ser publicados no prazo de cinco dias após o escrutínio.

A ZEC anunciou esta semana que o vencedor das presidenciais será anunciado no próximo dia 28 de agosto e sublinhou que é "estritamente proibido", com penas de prisão para os infratores, antecipar a publicação dos resultados antes da data prevista.

O Presidente é eleito por maioria absoluta. Se nenhum candidato obtiver metade mais um dos votos, será realizada uma segunda volta no início de outubro.

Leia Também: Presidente do Zimbabué avisa eleitores que estarão "perdidos" se não for eleito

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