O principal partido da oposição no país da África Austral disse estar "aliviado" com a decisão do Supremo Tribunal de permitir que os seus candidatos se apresentem às eleições em Bulawayo, a segunda maior cidade do Zimbabué, no sudoeste do país.
"Teria sido um golpe contra a vontade do povo se eles tivessem sido expulsos", disse Fadzayi Mahere, porta-voz da Coligação de Cidadãos para a Mudança (CCC).
"Não estamos a regozijar-nos porque eles nunca deveriam ter sido depostos... O que estamos a dizer é que estamos aliviados", acrescentou.
O país da África Austral, sem litoral, está a preparar-se para as tensas eleições de 23 de agosto para eleger o presidente, os membros do parlamento e os conselheiros municipais.
Há meses que a oposição tem vindo a denunciar a crescente repressão no período que antecede as eleições, em especial as detenções abusivas de opositores, e a acusar o partido no poder desde a independência em 1980, o Zanu-PF, de utilizar os tribunais para a atingir e silenciar qualquer dissidência.
O CCC apresentou 12 candidatos às eleições legislativas em Bulawayo, um bastião da oposição. No entanto, estes candidatos foram desqualificados pelo Tribunal Superior de Bulawayo na semana passada, tendo o juiz decidido que estes candidatos, bem como três outros de pequenos partidos da oposição, tinham apresentado as suas candidaturas com atraso.
Esta decisão, que contrariou o parecer da comissão eleitoral, abriu uma avenida para os candidatos do Zanu-PF na cidade, eliminando qualquer oposição.
No entanto, o Supremo Tribunal anulou a decisão numa "decisão unânime", cujas razões serão tornadas públicas numa data posterior.
O porta-voz do Governo, Nick Mangwana, aproveitou esta última decisão para elogiar o "sistema judicial muito profissional e imparcial" do país.
"Infelizmente, há também aqueles que acreditam que nunca devem perder um caso", escreveu Mangwana na rede X (antigo Twitter). "O mesmo se aplica às eleições. Temos aqueles que estão sempre a reclamar quando perdem. Não se pode culpar o árbitro sempre que não se ganha".
Num relatório publicado hoje, a organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) afirmou que as eleições se realizariam no âmbito de um "processo eleitoral gravemente defeituoso", que não respeita as normas internacionais de liberdade e equidade. O relatório cita, em particular, a utilização dos tribunais contra a oposição.
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