"Dirigimo-nos a você, na qualidade de Presidente do Peru, para (...) expressar a nossa preocupação com o atual cenário de retrocessos e violações dos direitos humanos no país", frisou a AI em comunicado.
Esta organização não-governamental (ONG) também instou o governo de Boluarte a "dar um sinal claro de respeito dos direitos humanos, acabando com o uso de força letal e munições proibidas".
A AI apelou igualmente à total cooperação do Ministério Público para evitar "qualquer sinal de impunidade".
"Só assim podemos avançar para um caminho de verdade, justiça e reconciliação", sublinhou a ONG.
Em relatórios anteriores, esta organização tinha denunciado o "uso excessivo e desproporcional da força" por parte das autoridades durante os protestos que causaram a morte de 49 pessoas em confrontos entre manifestantes e forças de segurança.
Perante as mortes nas mobilizações de dezembro, janeiro e fevereiro, iniciadas após o autogolpe falhado do anterior chefe de Estado Pedro Castillo, a AI criticou o facto de o governo não ter reconhecido a sua responsabilidade ou pedido desculpas aos familiares das vítimas.
Além disso, a ONG denunciou as declarações oficiais que procuram estigmatizar e deslegitimar os protestos, relacionando-os com movimentos subversivos.
Organizações sindicais, sociais e familiares das vítimas dos protestos convocaram novas mobilizações antigovernamentais para hoje, em que se assinala o Dia da Independência do Peru.
"Se Dina Boluarte não renunciar, se o Congresso não encerrar, a luta vai continuar", frisou esta quinta-feira o Coordenador Unitário Nacional de Luta (CNUL) em conferência de imprensa, convocada para divulgar os pormenores e as causas da manifestação que decorrerá em Lima.
Quer este grupo, quer a Confederação Geral dos Trabalhadores do Peru (CGTP), a maior organização sindical do país, vão reunir-se a partir das 08:00 de hoje (13:00 em Lisboa), na Plaza Dos de Mayo, no centro histórico da capital, para a "Marcha Nacional" contra a "ditadura assassina e corrupta".
Os promotores destas marchas exigem a destituição da Presidente, o encerramento do Congresso, a convocação de eleições e a criação de uma assembleia constituinte para uma nova Constituição.
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