Os confrontos, no estado do Cordofão do Sul, coincidem com o conflito espoletado em 15 de abril passado entre o exército sudanês e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês).
Mohamad Yussef Ahmed al-Mustafa, um alto responsável desta fação armada, atribuiu os confrontos à morte de um miliciano às mãos do exército e à recusa deste em permitir o seu enterro, o que levou o Movimento Popular de Libertação do Sudão (SPLM-N) a recorrer à "legítima defesa" para tentar recuperar o corpo.
Em entrevista à Rádio Dabanga, Al-Hilu afirmou que a sua organização vai lutar para "libertar toda a região" e que está empenhado em "proteger os civis" nas zonas libertadas, ao mesmo tempo que criticou o exército pela sua "ameaça" contra os civis.
Na semana passada, o exército sudanês acusou o SPLM-N de atacar as suas forças e afirmou que os combates tinham provocado "enormes perdas" de ambos os lados.
O exército sudanês afirmou que se tratou de "um ataque traiçoeiro" face ao cessar-fogo renovado anualmente pelas partes antes das conversações sobre um possível acordo de paz.
A fação liderada por Al-Hilu não se juntou aos grupos rebeldes que assinaram um acordo histórico em outubro de 2020 com as autoridades de transição, então lideradas pelo primeiro-ministro Abdullah Hamdok, que foi deposto em 2021 após um golpe liderado pelo chefe do exército, Abdel Fattah al-Burhan.
O acordo foi assinado por vários grupos da coligação da Frente Revolucionária do Sudão, após o que se procedeu a uma remodelação em fevereiro de 2021 para incluir membros destes grupos no executivo.
Em contrapartida, o grupo Al-Hilu e o grupo rebelde Movimento de Libertação do Sudão (SLM-AW), liderado por Abdeluahid el Nur, recusaram-se a aderir, embora vários cessar-fogos tenham contido os combates na região.
As atuais hostilidades entre o exército e as RSF eclodiram em resultado de tensões crescentes sobre a integração dos paramilitares nas forças armadas, uma parte fundamental de um acordo assinado em dezembro para formar um novo governo civil e reavivar a transição após a destituição de Omar Hassan al-Bashir em 2019, que foi prejudicada pelo golpe contra Hamdok.
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