A norte-americana Donna Freed, de White Plains, em Nova Iorque, EUA, tinha apenas seis anos quando a sua irmã lhe revelou um segredo de família: ela e os seus dois irmãos tinham sido adotados.
A notícia, na altura, fez o mundo de Donna - que hoje tem 56 anos e mora em Londres - desmoronar. "Fui retirada das paredes seguras que me rodeavam", relembra, citada pela BBC News.
"A minha família... era como Deus para mim. Eram as pessoas mais próximas, as maiores, as melhores. Todo o meu mundo girava em torno da minha casa e da minha família", acrescenta.
Donna diz ter sentido que havia algo mais relacionado com a sua história, mas que decidiu manter-se fiel à mãe adotiva e nunca se atreveu a insistir muito com perguntas sobre as suas origens.
Assim sendo, a questão nunca foi discutida abertamente no seio da família adotiva, que ofereceu muito poucos detalhes sobre as circunstâncias da sua adoção e a identidade dos seus pais biológicos.
Apenas após a morte da mãe adotiva, Ruth, em 2009, Donna começou a investigar e a procurar respostas sobre o seu passado.
Depois de vários meses de uma série de procedimentos complicados para obter informações e de se ter inscrito num registo de reagrupamento familiar, uma assistente social acabou por assumir o caso e prometeu apresentar um relatório dali a cerca de três meses.
De início, recebeu uma carta com os três primeiros dados obtidos sobre a sua mãe biológica, que se chamava Mira Lindenmaier. "A minha mãe tinha 27 anos quando nasci, não teve outros filhos antes de mim e era... suíça", conta.
Após isso, Donna estava preparada para ouvir a típica história trágica de problemas com vícios, violência familiar e até mesmo abuso. No entanto, o que ouviu superou muito as suas expetativas...
O relatório da assistente social descrevia a mãe. "Tinha cabelos loiros, era muito alta, inteligente, trabalhava numa agência de publicidade e sabia nadar muito bem. Conheceu o meu pai, que era 13 anos mais velho do que ela, que era casado e tinha quatro filhos", relata.
Segundo a mulher, os pais, "tinham 'engendrado' um plano para lesar a companhia de seguros". O plano era simular a morte acidental de Mira, receber a indenização da seguradora e fugir para a Espanha.
O pai forjou um acidente de barco, no qual Mira se 'afogaria' e, em simultâneo, a mãe viajou para White Plains, nos EUA. Lá, refugiou-se com um nome falso num hotel e começou a ganhar a vida trabalhando como funcionária numa cafeteria.
As pessoas que descreveram Mira à polícia afirmaram, entre outras coisas, que era ótima nadadora. Por isso, a teoria de que ela se teria afogado era muito pouco convincente. Com estas suspeitas, a polícia colocou o telemóvel do pai sob escuta e, poucos meses depois, a voz de Mira apareceu numa das gravações.
Depois de segui-la algumas semanas, a polícia prendeu-a e Mira confessou o golpe. O plano frustrado terminou com o pai preso e Mira libertada sob custódia.
Mira voltou a morar com os pais, ficando com eles durante anos. Nunca se casou nem teve outros filhos. O pai retomou o casamento depois de sair da prisão e teve um quinto filho com a esposa.
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