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Antigo primeiro-ministro defende saída de militares do poder no Sudão

O antigo primeiro-ministro do Sudão Abdalla Hamdok admitiu hoje que o conflito entre dois generais sudaneses que já causou mais de 500 mortos reflete o fracasso do envolvimento dos militares na governação em conjunto com civis.

Antigo primeiro-ministro defende saída de militares do poder no Sudão
Notícias ao Minuto

11:27 - 29/04/23 por Lusa

Mundo Sudão

"Penso que a experiência sudanesa sobre a transição [democrática] não é apenas relevante para o Sudão, é relevante para muitos locais em África", afirmou num evento em Nairobi organizado pela Fundação Mo Ibrahim.

Hamdok considera que "as lições podem ser retiradas", acrescentando que espera que "os golpes militares sejam uma coisa do passado".

"Temos de ter uma discussão mais profunda sobre o papel dos militares na política", afirmou, em conversa com o presidente da Fundação, o também sudanês Mo Ibrahim, concordando que as forças armadas devem não estar no poder.

Hamdok foi nomeado para o cargo em 2019 como resultado de um acordo entre civis e militares, na sequência do motim de abril de 2019, que pôs fim a 30 anos do regime de Omar Hasan al-Bashir.

Um golpe de Estado de outubro de 2021 levou à demissão, embora a pressão internacional tenha forçado a um acordo para restabelecê-lo no cargo em novembro, fazendo com que perdesse o apoio da oposição e das forças revolucionárias.

No entanto, Hamdok apresentou a renúncia ao cargo em janeiro seguinte, como forma de protesto contra a repressão nas manifestações e após as autoridades militares terem expulsado vários grupos civis do executivo, argumentando que estavam a agir contra os interesses do Estado.

"Estes são dias tristes para o Sudão", lamentou o antigo chefe de Governo, a propósito do conflito atual, recordando como após a queda do regime de al-Bashir estava otimista.

"As transições não são lineares, nunca seguem em linha reta, têm os seus altos e baixos. Mas acho que a transição sudanesa desta vez é muito complexa, muito diferente", disse, alertando para o risco de ter um impacto regional e até mundial.

Há duas semanas que se registam confrontos entre o exército do general Abdel Fattah al-Burhan e as Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), leais ao general Mohamed Hamdane Daglo, conhecido como "Hemedti".

Pelo menos 512 pessoas foram mortas e 4.193 ficaram feridas desde o início dos combates, principalmente em Cartum e Darfur (oeste), informou na quarta-feira o Ministério da Saúde sudanês.

Milhares deslocaram-se para zonas mais seguras do país ou refugiaram-se em nações vizinhas como o Sudão do Sul, o Egito ou o Chade.

Uma trégua de 72 horas entre as duas partes mediada pelos Estados Unidos e a Arábia Saudita facilitou a retirada de estrangeiros no Sudão e abrir corredores seguros para a entrada de ajuda humanitária.

Os combates seguiram-se a semanas de tensão sobre a reforma das forças de segurança nas negociações para a formação de um novo governo de transição. Ambas as forças estiveram por trás do golpe conjunto que derrubou o executivo de transição do Sudão em outubro de 2021.

A discussão sobre o Sudão decorreu no chamado Fim-de-Semana de Governação Ibrahim (Ibrahim Governance Weekend, IGW na sigla inglesa), que vai promover debates ao longo de três dias, até domingo, sob o tema "África Global: O lugar de África no mundo de 2023".

Os debates de hoje vão explorar a "natureza mutável da relação de África com os seus parceiros internacionais, desde o crescente interesse estratégico e económico ao potencial da população jovem e recursos ecológicos, bem como o futuro do sistema multilateral e o papel de África".

Leia Também: Chade anuncia retirada de 351 cidadãos do Sudão em dois dias

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