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Operações de cosmética de Netanyahu vão evitar eleições, diz analista

O vice-presidente do Observatório do Mundo Islâmico (OMI) afastou hoje o cenário de novas eleições legislativas em Israel, defendendo que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, "com algumas operações de cosmética", continuará a liderar um Governo ultranacionalista.

Operações de cosmética de Netanyahu vão evitar eleições, diz analista
Notícias ao Minuto

14:20 - 29/03/23 por Lusa

Mundo Israel/Protestos

O Governo de coligação de Israel, o mais à direita desde a fundação do Estado judaico em 1948, tem enfrentado nas últimas semanas uma vaga de manifestações sem precedentes devido a uma polémica reforma judicial, entretanto adiada.

"Do meu ponto de vista, a contestação ao Governo de Israel não vai levar, mais tarde ou mais cedo, à queda do Governo. Haverá sim algumas mudanças a nível ministerial, desde logo com a saída de [o demitido ministro da Defesa israelita, Yoav] Galant, que será eventualmente substituído pelo atual ministro da Agricultura [Uri Ariel, judeu ortodoxo]", afirmou João Henriques, em declarações à agência Lusa.

Por essa razão, prosseguiu o investigador português, basta a Netanyahu "proceder a algumas operações de cosmética" para evitar que o Governo caia, até porque, explicou, o primeiro-ministro tem processos em curso na Justiça, pelo que esta será a "única maneira" de os evitar.

"[O primeiro-ministro israelita está] indiciado e acusado por um conjunto de irregularidades, como falsificação de documentos e corrupção, e tudo isso vai implicar um enorme esforço de Netanyahu para ir ao encontro das pretensões dos seus companheiros do Governo", sustentou.

"Também aqui, a proposta de reforma judicial vai seguir com algumas operações de cosmética. Mas vai continuar, porque é a única maneira de o Governo se manter e ainda a única forma também de, enquanto se mantiver, o próprio Netanyahu, se manter [fora da alçada da Justiça]", acrescentou.

Questionado pela Lusa sobre o facto de Netanyahu ter rejeitado o pedido do Presidente norte-americano, Joe Biden, para "deixar cair" a reforma judicial, o vice-presidente do OMI referiu que idênticos pedidos da comunidade internacional vão, também eles, "continuar a bater na trave".

"Os efeitos que poderão ter nas decisões de Netanyahu relativamente aos pedidos que a comunidade internacional está a fazer vão bater na trave e não vão ter qualquer tipo de consequência, a não ser aquela que passa pelas pequenas operações de cosmética", argumentou.

Para João Henriques, a pressão da comunidade internacional limitar-se-á ao facto de "continuar a andar a reboque do timoneiro", que são os Estados Unidos.

"Do meu ponto de vista, não acredito na convocação de novas eleições, porque Netanyahu vai antecipar-se com as alterações nas pastas, entregando pastas a novos ministros. Todavia, Itamar Gvir [líder do partido de extrema-direita Otzma Yehudit], que é a figura mais reacionária deste Governo, vai continuar. Caso contrário, o Governo cai, pulveriza-se e, aí sim, haveria lugar a mais umas novas eleições", sustentou.

"Seja como for, Netanyahu não vai deixar que isso aconteça, porque iria comprometer, novamente, a sua posição pessoal. Por isso, reforço a ideia de que haverá, sim, alterações, mas nas pastas ministeriais, com novos nomes, [ligados aos partidos que integram a coligação]", prosseguiu o vice-presidente da OMI.

À Lusa, João Henriques defendeu ainda que a reforma judicial proposta pelo Governo israelita "não faz qualquer sentido", frisando que, "ainda por cima, põe em causa as instituições".

"Mais, no caso do poder judicial, faria com que este poder, que deveria ser independente dos restantes poderes, fosse sujeito a votações no parlamento (Knesset), onde, naturalmente, impera este grupo, o atual Governo, composto por ultranacionalistas e por partidos judeus ortodoxos e ultraortodoxos que estão colocados em posições notáveis. Este é um compromisso assumido por Netanyahu, que só assim conseguiu formar um executivo", argumentou.

"Há dois compromissos prometidos pelo primeiro-ministro para convencer estes outros elementos a formar Governo: a expansão dos colonatos ilegais na Cisjordânia ocupada e esta alteração legislativa, que daria plenos poderes ao Governo, ignorando completamente a função, a missão, de um órgão judicial", como o caso do Supremo Tribunal de Justiça, que veria os seus juízes nomeados pelo executivo, prosseguiu o investigador.

E concluiu: "Bastam operações de cosmética" para manter satisfeitos os parceiros de coligação.

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