No seu primeiro debate geral na Câmara Baixa do parlamento desde que assumiu o cargo de chanceler, Friedrich Merz afirmou que, no primeiro semestre do ano, o número de pedidos de asilo na Alemanha caiu 43% em comparação com o mesmo período do ano passado e garantiu que a descida se deveu às medidas de restrição adotadas.
"Tudo indica que, através dos controlos fronteiriços, foram impedidas milhares de entradas irregulares, além da execução de um grande número de mandados de detenção", disse.
"Para limitar a migração irregular e por razões de segurança interna, devemos manter os controlos. Mas devo dizer que estas são medidas temporárias. Procuramos regras europeias comuns. Queremos manter o mercado comum. Queremos manter o Espaço Schengen e as fronteiras abertas na Alemanha e na Europa, mas não queremos uma migração irregular ilimitada", defendeu Merz.
Países vizinhos, como a República Checa e a Polónia, criticaram os controlos alemães, apesar de Varsóvia ter introduzido medidas semelhantes na segunda-feira e estar a preparar também controlos temporários fronteiriços com a Lituânia.
As declarações do chanceler foram feitas em resposta a Alice Weidel, colíder do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que abriu o debate como representante do maior grupo parlamentar da oposição.
Friedrich Merz referiu que a redução dos pedidos de asilo era algo que a AfD aparentemente não tinha registado e sublinhou que se trata de um número que mostra os primeiros frutos daquilo a que tem chamado uma mudança na política migratória para combater a migração irregular.
"Aos poucos, estão a perder a bandeira política a que devem a vossa existência. Vamos resolver este problema e não vos dar a alegria de o perpetuar", garantiu Merz à AfD.
A AfD, que foi fundada como um partido eurocéptico em plena crise da dívida, ganhou força política após a chamada crise dos refugiados de 2015, fazendo da rejeição da migração a sua principal bandeira política.
No seu discurso, Weidel acusou Merz de não ter cumprido a sua promessa de promover uma mudança radical na política migratória e de ter mantido uma série de incentivos à migração irregular, preservando os "elevados benefícios sociais" que os refugiados recebem.
"Enquanto não acabarem com os incentivos à migração irregular, tudo o que fizerem nesse sentido não passará de um espetáculo", acusou Weidel.
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