O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, esteve a prestar declarações esta manhã no parlamento, fazendo referência às suspeitas de corrupção na cúpula do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE).
"Pensei demitir-me, mas atirar a toalha ao chão não é solução", começou por afirmar o líder do Governo espanhol, referindo ainda que foi as palavras de apoio que recebeu de dentro do partido que o fizeram repensar a sua decisão.
O líder do Governo está no parlamento a seu pedido, onde dá explicações sobre as suspeitas de corrupção na cúpula do PSOE e no executivo, na sequência de uma investigação policial que colocou em prisão preventiva o até há três semanas "número três" dos socialistas, Santos Cerdán.
No mesmo processo foi também constituído arguido outro ex-dirigente socialista e antigo ministro, José Luis Ábalos.
O primeiro-ministro de Espanha pediu desculpa pela corrupção na cúpula do Partido Socialista Espanhol (PSOE) e garantiu que é "um político limpo", reiterando que não se demite nem vai antecipar eleições. Disse ainda estar a tentar "recuperar a confiança", nas suas próprias palavras, dos partidos da geringonça que o reinvestiram primeiro-ministro em novembro de 2024, um grupo que integra oito forças políticas.
Com esse objetivo, anunciou um "plano estatal de luta contra a corrupção" com 15 medidas "desenhado conjuntamente" com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), assim como com vários dos partidos da geringonça e "peritos da sociedade civil".
O plano pretende ser "o maior impulso à prevenção, luta e reparação da corrupção das últimas décadas" em Espanha e colocar o país "na vanguarda" da Europa nesta questão, afirmou.
"Não vou deitar a toalha ao chão e vamos continuar", disse Sánchez.
O líder socialista afirmou que vai continuar à frente do Governo e do PSOE porque é "um político limpo que desconhecia as corruptelas" de Cerdán e Ábalos, por querer "recuperar a confiança" dos parceiros parlamentares e de coligação e por querer defender "o projeto político" que lidera e que após sete anos de governação tem "uma folha de serviços clara e com resultados muito positivos" na área dos direitos, da economia ou do estado social.
Durante cerca de 45 minutos, Sánchez reiterou também, várias vezes, o pedido de desculpas pela corrupção no PSOE, dizendo que como pessoa que nomeou Cerdán e Ábalos para cargos de topo tem "evidentemente parte da responsabilidade" e a assume.
Dirigindo-se aos partidos que viabilizaram a atual legislatura, disse-lhes saber que não vivem "dias fáceis" e que estão "sob muita pressão".
"Mas vou estar à altura, satisfazer as expectativas de regeneração e luta contra a corrupção e vou cumprir os compromissos que tenho com eles", garantiu.
Quanto ao plano anticorrupção elaborado com a OCDE, revelou que tem cinco eixos de medidas e prevê, entre outras coisas, a criação de uma "agência de integridade pública independente", a utilização de inteligência artificial para detetar "índices de fraude" na contratação pública ou novos mecanismos de controlo de património de titulares de cargos públicos e de canais de denúncia.
O plano prevê ainda mais meios para a investigação judicial da corrupção, assim como um reforço das sanções.
Sánchez está hoje a prestar esclarecimentos sobre as suspeitas de corrupção na cúpula do PSOE, um caso que, para os 'media', analistas e dirigentes políticos, ameaça a continuidade do Governo.
[Notícia atualizada às 10h08]
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