Sánchez levará ao parlamento "um pacote de medidas importantes e contundentes" contra a corrupção, que incluem as propostas e as exigências avançadas nas últimas semanas pelos partidos da geringonça que o reinvestiram primeiro-ministro em novembro de 2023, disse na terça-feira a ministra com a tutela da Educação e do Desporto e porta-voz do Governo, Pilar Alegria, sem dar mais detalhes.
O líder do Governo vai ao parlamento, a seu pedido, e pretende dar explicações sobre as suspeitas de corrupção na cúpula do PSOE e no executivo, na sequência de uma investigação policial que colocou em prisão preventiva o até há três semanas "número três" dos socialistas, Santos Cerdán.
No mesmo processo foi também constituído arguido outro ex-dirigente socialista e antigo ministro, José Luis Ábalos.
O caso Santos Cerdán, que veio a público no passado dia 12 de junho, com a divulgação de um relatório policial, desencadeou uma das maiores crises que já viveu Sánchez desde que é primeiro-ministro.
O próprio Pedro Sánchez reconheceu no sábado que o Governo e o Partido Socialista espanhóis vivem "dias difíceis", mas reiterou a intenção de prosseguir nos cargos e não se demitir.
"Somos conscientes de que a deceção é grande", afirmou, depois de ter pedido desculpas aos espanhóis e aos militantes socialistas por se ter enganado e depositado confiança em pessoas "que não mereciam".
Sánchez reiterou que o PSOE, como organização, não é corrupto e prometeu colaboração com a justiça em relação às suspeitas que envolvem os ex-dirigentes do partido.
Os partidos que reelegeram Sánchez primeiro-ministro em novembro de 2023 - uma geringonça de oito formações - não lhe retiraram, para já, o apoio, mas têm-no pressionado continuamente a dar mais explicações e a adotar medidas contundentes.
Uma das vozes mais duras tem sido a do Somar, que está na coligação de governo com os socialistas, com alguns dos dirigentes desta formação, em linha com outros partidos, a assumirem que aquilo que Sánchez disser hoje aos deputados pode ser o primeiro passo para uma moção de confiança e determinante para a continuidade da legislatura.
"Espanha tem hoje um problema político" e quando isto acontece "não se pode olhar para outro lado, é preciso abordar [o problema]", disse na semana passada Yolanda Díaz, uma das vice-presidentes do Governo e dirigente do Somar.
Este caso de corrupção "é já um problema do país", disse Yolanda Díaz, que considerou que "a situação é muito grave" e pediu ao parceiro de Governo uma mudança radical na resposta que está a dar.
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