Michel Houellebecq perde processo para proibir filme 'porno' onde aparece
Um tribunal neerlandês rejeitou, na terça-feira, um pedido do escritor francês Michel Houellebecq para proibir um filme, "Kirac 27", em que o autor surge desfraldado, a beijar uma jovem na cama, classificando-o de pornográfico e difamatório.
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No 'trailer' do filme, feito pelo coletivo holandês Kirac, o escritor é apresentado em pijama deitado numa cama ao lado de uma mulher de camisa de noite, a fumar e a rir, segundo descreve o The Guardian, imagem que levou Houellebecq a afirmar que a sua reputação tinha sido prejudicada e que tinha sido retratado como uma "estrela pornográfica".
O tribunal "recusa as injunções pedidas e ordena a Houellebecq que pague as despesas do processo, estimadas até à data em 1.393 euros", disse o juiz interino do tribunal de Amesterdão.
"É incompreensível que Houellebecq tenha participado nas gravações, se achava o contrato realmente problemático", lê-se na sentença.
O acordo assinado pelo escritor previa que ele aparecesse num filme que "podia ou não incluir conteúdo explícito", sendo a única restrição do acordo que o filme não mostrasse Houellebecq e os seus genitais na mesma filmagem, especificou o The Guardian.
O juiz rejeitou as alegações de Houellebecq de que só tinha assinado o contrato porque estava deprimido e tinha estado a beber.
O autor considerou o veredicto "muito dececionante", revelou à AFP a sua advogada, Jacqueline Schaap, acrescentando que "Houellebecq está a considerar seriamente um interpor um recurso urgente".
O realizador do filme, Stefan Ruitenbeek, manifestou-se, por sua vez, aliviado com a decisão.
"Sempre tive a intenção de fazer um retrato honesto. Espero que Michel fique satisfeito com o resultado", disse, numa declaração divulgada pelo seu advogado.
Como recordou a AFP, tudo começou num jantar, em Paris, em novembro do ano passado, quando a mulher do escritor, Lysis, sugeriu a Ruitenbeek que Houellebecq fizesse um "filme porno para contrariar a sua amargura".
"Eu disse-lhe que conhecia muitas raparigas em Amesterdão disponíveis a ter relações sexuais com um escritor célebre por curiosidade, e que organizaria o hotel se tivesse autorização para filmar tudo", afirmou o realizador.
Houellebecq, mais tarde, veio a contestar o contrato assinado, alegando estar "cansado, num dia já de si longo e o vinho necessário já tinha sido bebido". "Não tenho a ambição de me tornar numa estrela 'porno' com esta idade", acrescentou o autor de 66 anos.
As relações entre as duas partes romperam-se pouco tempo depois das filmagens, com a agravante a surgir após a divulgação do 'trailer'.
Em fevereiro, Houellebecq perdeu uma ação judicial semelhante num tribunal francês.
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