Eurodeputado polaco alvo de processo na Polónia por negar o Holocausto

O Ministério Público da Polónia abriu uma investigação preliminar depois de um deputado de extrema-direita ter descrito as câmaras de gás do campo de extermínio nazi de Auschwitz como um farsa.

Grzegorz Michal Braun

© Getty Images/Michal Fludra/NurPhoto

Lusa
11/07/2025 10:37 ‧ há 8 horas por Lusa

Mundo

Polónia

Grzegorz Braun, 58 anos, deputado do Parlamento Europeu, foi anteriormente acusado de antissemitismo.

 

Em 2023, o eurodeputado polaco apagou as velas de uma celebração religiosa judaica (Hanukkah) no Parlamento Europeu com um extintor contra incêndios.

Braun, membro do partido Confederação da Coroa Polaca, foi candidato presidencial na Polónia obtendo mais de 6% dos votos na primeira volta das eleições que se realizaram no início do ano.

Na quinta-feira, o eurodeputado voltou a evocar mentiras sobre a cultura judaica e a negar o Holocausto.

"O assassínio ritual foi um facto e Auschwitz e as câmaras de gás foram, infelizmente, uma farsa", declarou Braun na quinta-feira à rádio polaca Wnet.

Após as declarações do deputado, o jornalista que conduzia a emissão terminou de imediato a entrevista.

Alguns cristãos da Europa medieval acreditavam que os judeus assassinavam cristãos para usar o sangue para fins rituais.

Segundo os historiadores, as acusações dos cristãos durante a Idade Média não têm qualquer base na lei religiosa judaica ou em factos históricos e refletem, pelo contrário, a hostilidade contra os judeus na Europa.

Hoje, o porta-voz do Ministério Público polaco, Piotr Antoni Skiba, disse que os procuradores estavam a conduzir uma investigação preliminar sobre a potencial negação de Braun sobre os crimes nazis durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

O diretor do museu de Auschwitz, Piotr Cywinski, disse que iria apresentar uma queixa separada ao Ministério Público.

Na Polónia, negar a existência das câmaras de gás nazis não é apenas uma manifestação de antissemitismo, tratando-se de um crime punível pela lei.

As forças nazis alemãs assassinaram cerca de 1,1 milhões de pessoas no complexo de extermínio de Auschwitz, no sul da Polónia, que esteve sob ocupação alemã durante a Segunda Guerra Mundial. 

O primeiro-ministro Donald Tusk descreveu as palavras de Braun como vergonha.

"Temos de fazer tudo para que ninguém no mundo associe a Polónia a estas pessoas, a estas caras e a estas ações", disse hoje o chefe do Governo polaco.

Na quinta-feira, na cidade de Jedwabne, no nordeste da Polónia, foi prestada uma homenagem oficial em memória das vítimas de um massacre ocorrido em 1941, em que judeus foram queimados vivos por vizinhos polacos durante a ocupação nazi.

Grzegorz Braun integrou o grupo que tentou bloquear a saída de carros que transportavam as pessoas que participaram numa cerimónia, incluindo o rabino da Polónia.

A polícia interveio e as pessoas puderam sair.

Leia Também: Polónia esteve de prevenção durante ataque da Rússia contra a Ucrânia

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