"É evidente que China está tentar vender mensagem de paz para inglês ver"
José Milhazes considerou que Pequim, tem vários interesses relacionados com Moscovo. Para o comentador, a Rússia está a "tornar-se numa colónia chinesa" e a China precisará de um "aliado forte" em futuros confrontos - tanto com os Estados Unidos, como com a União Europeia.

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País Guerra na Ucrânia
O historiador José Milhazes fez um balanço, na terça-feira, sobre a visita de três dias do presidente da China, Xi Jinping, à Rússia, que terminou hoje. "Ficou mais do que evidente que a China anda a tentar vender a mensagem da paz para inglês ver", começou por considerar o jornalista durante o programa 'Guerra Fria', emitido pela SIC Notícias.
"Claro que a China não está interessada que a Rússia perca esta guerra e saia humilhada. Por um lado está interessada porque a Rússia está a tornar-se numa colónia chinesa. Por outro lado, não está, porque precisa de um aliado forte no confronto que vai ter com os Estados Unidos e a União Europeia", referiu, quando questionado sobre os interesses de Pequim.
Milhazes também que a China precisa dos mercados ocidentais. "Vamos ver é se esses mercados e países ocidentais vão ter capacidade e desejo de enfrentar este tipo de aliança em termos económicos", afirmou.
O comentador apontou, no entanto, que não se devem desvalorizar os acordos assinados entre os dois líderes. "Os acordos assinados são, sem dúvida, extremamente bons para a China, que vai ter combustíveis e outras matérias primas a preços muito baixos - de saldos. A China vai ter na Rússia um mercado para onde vai exportar, nomeadamente, para setores cujas empresas empresas ocidentais saíram da Rússia. A indústria automóvel ocidental que estava na Rússia está a ser substituída pela chinesa", explicou.
Para além das questões relacionadas com as sanções, o historiador notou mesmo que Pequim "continua com uma posição dúbia". "Putin não podia dizer a Xi: 'O vosso plano de paz é uma treta', mas disse: 'Estamos de acordo com alguns pontos'", resumiu. "O que aconteceu em Moscovo não irá contribuir para que o conflito possa ser resolvido nos próximos meses", rematou.
O especialista teve ainda algumas plaavras a dizer sobre a visita surpresa do presidente russo a Mariupol, que se realizou no fim de semana. Milhazes considerou que a "propaganda russa é de um amadorismo em que já não se preocupam com nada". Notando que Vladimir Putin faz visitas e não é recebido por multidões, apontou ainda que durante uma emissão de imagens desta visita, é possível ouvir uma mulher, a alguns metros de Putin, a dizer que "isto é tudo encenado". "Este vídeo foi publicado na página oficial do Kremlin, e depois retiraram-no", explicou.
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