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"Assassinato de honra". Estrela do YouTube morta pelo pai no Iraque

Dezenas de iraquianos manifestaram-se hoje para condenar o denominado "assassinato de honra" de uma 'estrela' do YouTube de 22 anos, que alegadamente foi estrangulada pelo pai, alimentando os pedidos de reformas legais que protegem as mulheres.

Notícias ao Minuto

15:59 - 05/02/23 por Lusa

Mundo Iraque

O porta-voz do Ministério do Interior, Saad Maan, anunciou na sexta-feira que Tiba Ali foi morta, em 31 de janeiro, na cidade de Diwaniya, pelo pai, que se entregou à polícia.

Segundo a Associated Press (AP), existem relatórios que indicam que o pai de Tiba Ali a estrangulou à noite enquanto esta dormia.

O denominado "assassinato de honra" foi condenado por grupos de direitos das mulheres e fez soar o alarme sobre a violência contra as mulheres no Iraque e a necessidade de reformar a legislação para sanções mais duras aos agressores.

Na manifestação de hoje, havia quem empunhasse faixas a condenar o assassinato da estrela de YouTube, exigindo reformas legislativas, indica a AP.

"Não há honra no crime de matar mulheres", lia-se num cartaz.

"Qualquer um que se queira livrar de uma mulher acusa-a de desonrar a sua dignidade e mata-a", disse Israa al-Salman, manifestante, à AP, que também apelava a que o pai de Ali fosse executado.

O artigo 41 do código penal do Iraque permite que os maridos "disciplinem" as esposas, o que inclui espancamentos. Enquanto isso, o Artigo 409 reduz as sentenças de homicídio para homens que matam ou prejudicam permanentemente as esposas ou parentes do sexo feminino devido a adultério para até três anos de prisão.

Rosa al-Hamid, ativista do grupo da sociedade civil Organização para a Liberdade das Mulheres no Iraque, apelou às autoridades para que aprovem um projeto de lei contra a violência doméstica, parado no Parlamento iraquiano desde 2019.

"Tiba foi morta pelo pai com justificações tribais que são inaceitáveis", disse à AP.

A vice-diretora da Amnistia Internacional para o Médio Oriente e Norte da África, Aya Majzoub, em comunicado à imprensa, considerou "que a violência contra mulheres e jovens no Iraque irá continuar" até que "as autoridades iraquianas adotem uma legislação robusta" para as proteger "da violência de género".

A política da cidade e a administração do hospital recusaram-se a comentar a morte da jovem.

Tiba Ali vivia em Istambul, na Turquia, e tinha um canal no YouTube com mais de 20 mil subscritores, documentando a vida na cidade turca ao lado do namorado sírio, um investidor imobiliário.

No primeiro vídeo no YouTube, em novembro de 2021, Ali disse que se mudou para a Turquia para continuar os estudos, mas optou por ficar porque gostava da vida naquele país.

Alegadamente, o pai não concordou com a mudança, nem com os planos de se casar com o namorado, havendo relatos de uma discussão acalorada durante uma visita da jovem ao Iraque, um dia antes da sua morte.

Leia Também: AI pede medidas contra violência de género no Iraque após pai matar filha

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