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Congo critica "silêncio cúmplice" sobre "ataques armados por estrangeiros"

O Presidente da República Democrática do Congo (RDCongo), Felix Tshisekedi, criticou hoje, perante o papa Francisco, o que considerou ser "o silêncio cúmplice" da comunidade com os ataques de grupos terroristas "armados por potências estrangeiras".

Congo critica "silêncio cúmplice" sobre "ataques armados por estrangeiros"
Notícias ao Minuto

20:11 - 31/01/23 por Lusa

Mundo RDCongo

No palácio presidencial, em Kinshasa, depois da reunião com o chefe da igreja católica, Tshisekedi afirmou, citado pela agência espanhola de notícias, a Efe, que a "hospitalidade" do país tinha sido destruída "pelos inimigos da paz e por grupos terroristas oriundos principalmente de países vizinhos".

Aproveitando a presença do papa em África, numa viagem de sete dias que o levará também ao Sudão do Sul, o presidente congolês afirmou: "Esta desgraça acontece hoje e acontece há 30 anos numa parte do nosso território que é vítima de violência, onde os grupos, armados pelas potências estrangeiras ávidas dos minerais que existem no nosso subsolo, cometem, com o apoio direto do nosso vizinho Ruanda, crimes cruéis".

Desde 1998 que o leste da RDCongo está mergulhado num conflito alimentado pelas milícias rebeldes e pelos ataques dos soldados do exército, apesar da presença da missão de paz das Nações Unidas no país (Monusco), com cerca de 14 mil efetivos mobilizados no terreno.

A ausência de perspetivas futuras e de alternativas e meios de subsistência no presente empurraram milhares de congoleses a pegar em armas e, segundo o Barómetro de Segurança de Kivu, o leste do país é um campo de batalha para pelo menos 122 grupos rebeldes.

O presidente criticou que tudo isto "é favorecido pelo silêncio e pela inação da comunidade internacional", o que fez com que "mais de 10 milhões de pessoas tenham sido atrozmente privadas da vida, mulheres inocentes, e também grávidas, são violadas e esfaqueadas, rapazes e jovens são degolados e famílias inteiras ficam condenadas a viver em fuga, à procura da paz por causa das execuções cometidas por estes terroristas ao serviço de interesses estrangeiros".

Perante estas palavras, o papa Francisco também denunciou o que diz ser "um genocídio esquecido" na RDCongo.

"Não podemos continuar assim, perante uma injustiça e este silêncio cúmplice da comunidade internacional", concluiu depois o Presidente do país africano.

Antes, já o chefe da igreja católica tinha feito um forte apelo a favor do continente e contra a exploração desenfreada dos vastos recursos naturais africanos.

"Tirem as mãos da República Democrática do Congo, tirem as mãos da África! Parem de sufocar África: não é uma mina a ser explorada, nem uma terra a ser saqueada", declarou o Papa Francisco, citado pela agência francesa de notícias, a France-Presse (AFP), sob aplausos, diante das autoridades e do corpo diplomático, no palácio presidencial em Kinshasa.

O Papa Francisco chegou hoje a Kinshasa, na primeira etapa de uma viagem de sete dias que o levará também ao Sudão do Sul.

O chefe da Igreja Católica, citado pela agência Associated Press (AP), exigiu que as potências estrangeiras parem de saquear os recursos naturais da África para "veneno de sua própria ganância", numa cerimónia que ocorreu após dezenas de milhares de pessoas se terem alinhado ao longo da estrada principal da capital, Kinshasa, para lhe darem as boas-vindas.

Apelidando a vasta riqueza mineral e natural do Congo de "diamante da criação", Francisco exigiu que os interesses estrangeiros parassem de dividir o país para seu interesse próprio e reconhecessem o seu papel na "escravização" económica do povo congolês.

"Parem de sufocar a África: não é uma mina a ser despojada ou um terreno a ser saqueado", enfatizou o primeiro papa latino-americano da história, que há muito denuncia a forma como os países ricos exploram os recursos das nações mais pobres para seu próprio lucro.

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