Ex-chefe da Lundin Oil julgado por cumplicidade em crimes de guerra

O Supremo Tribunal sueco deu hoje luz verde a um julgamento contra Alex Schneiter, um antigo chefe suíço do grupo petrolífero sueco Lundin Oil, que enfrenta acusações de "cumplicidade em crimes de guerra" no Sudão.

Alex Schneiter, um antigo chefe suíço do grupo petrolífero sueco Lundin Oil

© Getty Images

Lusa
10/11/2022 10:47 ‧ 10/11/2022 por Lusa

Mundo

Julgamento

Schneiter, vice-presidente responsável pelas operações na altura dos acontecimentos e mais tarde chefe executivo, foi implicado, no ano passado, neste caso com o sueco Ian Lundin, presidente da companhia petrolífera, propriedade da sua família até à sua venda ao grupo norueguês Aker há vários meses.

O mais alto tribunal da Suécia rejeitou o recurso do empresário de 60 anos, que procurou argumentar que não podia estar sujeito à jurisdição universal do sistema de justiça do país em matéria de crimes de guerra, uma vez que não é residente nem cidadão da Suécia.

Uma "forma de ligação com a Suécia" era, de facto, necessária para a acusação, mas o Supremo Tribunal considerou hoje, numa declaração, que as ligações de Schneiter com o país "em outras áreas" eram "suficientes".

O caso remonta ao período de 1999 a 2003 numa jazida de petróleo no que é hoje o Sudão do Sul, numa região particularmente afetada pela violência da guerra civil sudanesa que se desenvolvia na altura sob a presidência de Omar al-Bashir.

Após uma descoberta de petróleo por Lundin em 1999, o campo "Bloco 5A" foi alvo de confrontos armados entre milícias rebeldes, por um lado, e o exército e milicianos sudaneses aliados ao regime de Cartum, por outro. Muitas das vítimas diretas destes conflitos foram civis, de acordo com a acusação.

Os dois antigos líderes da empresa são acusados de cumplicidade na procura de proteção por parte do Governo sudanês, apesar de um acordo de paz de 1997 estipular que a área estava sob a responsabilidade das milícias locais.

Os procuradores também estão a exigir o pagamento de 1,4 mil milhões de coroas (cerca de 130 milhões de euros), valor que corresponde ao preço da venda das atividades sudanesas de Lundin em 2003.

O grupo petrolífero denunciou, no ano passado, as acusações "incompreensíveis", e reiterou que não havia "nada de errado" e que "nenhuma prova" ligava os dois empresários a crimes cometidos no Sudão.

Chamada Lundin Oil na altura dos acontecimentos, a empresa tornou-se mais tarde Lundin Petroleum e depois Lundin Energy, antes de a maior parte dos seus ativos serem integrados na Aker em meados de 2022.

Em 2018 foi também necessário um aval do Governo para processar um cidadão estrangeiro.

O julgamento deverá ter lugar no tribunal de Estocolmo numa data ainda por determinar. Alex Schneiter e Ian Lundin enfrentam uma pena de prisão perpétua.

Leia Também: Supremo rejeita libertação dos dois irmãos acusados de crimes de guerra

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