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Scholz critica guerra na Ucrânia e Xi Jinping enaltece cooperação

O chanceler alemão, Olaf Scholz apontou hoje em Pequim os problemas gerados pela guerra na Ucrânia, enquanto o presidente chinês, Xi Jinping, frisou a importância de Alemanha e China trabalharem juntas em prol da paz.

Scholz critica guerra na Ucrânia e Xi Jinping enaltece cooperação
Notícias ao Minuto

10:19 - 04/11/22 por Lusa

Mundo China

A visita de Scholz a Pequim ocorre num período de crescente desconfiança ocidental em relação ao país asiático, face à sua aproximação à Rússia e violações dos Direitos Humanos.

Embora o governo de Scholz tenha já sinalizado um afastamento da abordagem puramente comercial em relação à China, cultivada pela antecessora Angela Merkel, o chanceler alemão é acompanhado por uma delegação empresarial, que inclui os presidentes executivos da Volkswagen, BioNtech ou Siemens.

Scholz foi recebido por Xi Jinping no Grande Palácio do Povo, no centro da capital chinesa.

O líder chinês destacou que a visita de Scholz coincide com o 50.º aniversário das relações diplomáticas, estabelecidas num período de feroz rivalidade, no auge da Guerra Fria, mas que permitiu cultivar o intercâmbio económico, que continua a ser uma parte fundamental da relação.

"A situação internacional atual é complexa e volátil", disse Xi a Scholz, citado pela emissora estatal CCTV, sem mencionar a guerra na Ucrânia. "Como potências influentes, a China e a Alemanha devem trabalhar em conjunto, nestes tempos de mudança e caos, visando contribuir mais para a paz e o desenvolvimento mundial".

Scholz referiu diretamente a Xi Jinping o conflito na Ucrânia, que gerou milhões de refugiados e abalou os mercados mundiais de alimentos e energia. "Nós estamos reunidos num período de grande tensão", lembrou o chanceler, citado pela agência de notícias alemã DPA.

"Em particular, quero destacar a guerra russa contra a Ucrânia, que apresenta muitos problemas para a ordem mundial baseada em regras", acrescentou.

Scholz também abordou a carência alimentar global, as alterações climáticas e a crise de dívida soberana nos países em desenvolvimento como "questões importantes", informou a DPA.

O líder alemão foi criticado por visitar a China logo após Xi, de 69 anos, obter um terceiro mandato como secretário-geral do Partido Comunista Chinês e elevar aliados ao topo da estrutura do poder na China que apoiam a sua visão de controlo mais rígido sobre a sociedade e a economia e uma abordagem mais conflituosa em relação ao Ocidente.

A deslocação surge também num contexto de crescentes tensões entre China e Taiwan e após um relatório da ONU ter considerado que os abusos contra minorias étnicas de origem muçulmana na região de Xinjiang, no noroeste da China, podem equivaler a "crimes contra a humanidade".

Scholz foi acompanhado por cerca de uma dúzia de líderes empresariais alemães, incluindo os presidentes executivos da Volkswagen, BMW, BASF, Bayer e Deutsche Bank, a maioria dos quais tem grandes interesses na China.

Isto levantou questões sobre o excesso de dependência alemã do mercado chinês, à semelhança do que sucedeu em relação à Rússia no fornecimento de energia.

Após o almoço, Scholz e a sua delegação reuniram com o primeiro-ministro Li Keqiang, que nominalmente tem responsabilidade sobre a economia da China.

Apesar das divergências políticas, a visita de Scholz reflete a importância dos laços comerciais da Alemanha com a segunda maior economia do mundo.

A China foi o maior parceiro comercial da Alemanha, em 2021, pelo sexto ano consecutivo. O país asiático foi a principal origem das importações alemãs e o segundo maior destino das exportações, a seguir aos Estados Unidos.

Num artigo publicado pelo jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung, Scholz frisou a importância de visitar a China neste período.

"É evidente que, se a China mudar, a maneira como lidamos com a China também deve mudar", observou o chanceler, acrescentando que o seu país vai "reduzir as dependências unilaterais, no espírito de uma diversificação inteligente".

Scholz também disse que abordaria "questões difíceis", como os direitos das minorias étnicas de origem muçulmana em Xinjiang.

Trata-se da primeira visita à China de um líder europeu e de um país do grupo G7 (sete maiores economias do mundo), desde o início da pandemia da covid-19.

A viagem ocorre numa altura em que a União Europeia e a Alemanha estão a reajustar a sua abordagem em relação à China.

Um alto funcionário alemão, que falou aos repórteres sob condição de anonimato, caracterizou a visita como uma "viagem de exploração", para apurar "onde está a China, para onde vai a China e que formas de cooperação são possíveis com esta China específica, na atual situação global".

O funcionário apontou para a "responsabilidade particular" de Pequim, como aliada da Rússia, em ajudar a pôr fim à guerra na Ucrânia e pressionar Moscovo a suavizar a sua retórica nuclear.

O chanceler vai também procurar "equilibrar" as relações económicas.

Face às altamente restritivas medidas de prevenção contra a covid-19 que vigoram na China, a delegação alemã não vai passar a noite em Pequim.

Leia Também: Scholz quer que Xi Jinping exerça a sua "influência" sobre a Rússia

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