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Amnistia Internacional assinala retrocesso de direitos humanos na Tunísia

A Amnistia Internacional (AI) alertou hoje sobre o retrocesso dos direitos humanos na Tunísia após o Presidente Kais Said ter assumido plenos poderes em 25 de julho passado, data para cujo aniversário marcou um referendo constitucional.

Amnistia Internacional assinala retrocesso de direitos humanos na Tunísia
Notícias ao Minuto

15:53 - 21/07/22 por Lusa

Mundo Direitos Humanos

"Ao governar por decreto, sem controlo nem supervisão, o Presidente comprometeu vários avanços decisivos em termos de direitos humanos que o país tinha garantido nos dez anos posteriores à revolução de 2011", denunciou Heba Morayef, diretora regional da AI para o Médio Oriente e Norte de África.

Num relatório, a Organização não governamental (ONG) de direitos humanos indica que as autoridades tunisinas, "apesar de não aplicarem uma repressão em larga escala, estão a atacar os críticos mais destacados e considerados inimigos do Presidente".

A AI destacou 50 proibições de viagens impostas arbitrariamente a juízes, funcionários públicos, empresários e deputados, um mês após o Presidente se ter arrogado plenos poderes, e desde junho, três outras proibições arbitrárias de viagem a pelo menos três deputados do Parlamento dissolvido".

Os julgamentos de civis perante tribunais militares também aumentaram significativamente e envolveram pelo menos 12 pessoas, acrescentou a AI, antes de recordar uma escalada em dezembro passado com as detenções, sem acusação nem acesso a advogados, de um ex-ministro da Justiça e de ex-chefe dos serviços de segurança.

A AI também advertiu que o texto constitucional que será votado em referendo na próxima segunda-feira, coincidindo com o aniversário do estado de exceção, "fortalecerá ainda mais os seus poderes e ameaçará ainda mais os direitos humanos".

A organização frisa ainda que, através de um processo "obscuro e apressado", a Constituição, caso seja aprovada, concederá ao Presidente o direito a declarar o estado de emergência por tempo indeterminado e permitirá que governe "sem controlo nem contrapoderes".

O relatório da AI recupera medidas como o decreto 2021-117 que fornece ao Presidente poder exclusivo para adotar novas leis e que lhe permitiu já em 2022 emitir decretos-lei que lhe conferem o direito de designar magistrados e destituí-los.

Em 01 de junho, Said destituiu 57 juízes por acusações que incluíam desde obstrução a investigações relacionadas com terrorismo, corrupção financeira, "corrupção moral" e adultério.

A ONG pediu às autoridades para "reverterem" com "urgência a situação" e responsabilizou o Presidente pelo "desmantelamento progressivo das garantias de direitos humanos".

Leia Também: Tunísia. UE manifesta preocupação pelo projeto de nova Constituição

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