Conhecida ativista e advogada, Ruth Eleonora Lopez é uma crítica das políticas de segurança do Presidente salvadorenho, Nayib Bukele, e lidera a unidade de justiça e combate à corrupção do Cristosal Group.
A advogada foi detida pela polícia com base num mandado emitido pelo Ministério Público salvadorenho, que a acusa de ter cometido um crime de peculato há 10 anos, quando trabalhava para o tribunal eleitoral, referiu o Ministério Público, em comunicado.
"Foi emitido um mandado de detenção para Ruth Eleonora Lopez Alfaro" sob a acusação de "desvio de fundos", adiantou o Ministério Público, numa publicação nas redes sociais.
A detenção da ativista aconteceu depois de advogados de migrantes venezuelanos terem denunciado o tratamento que recebem na prisão de alta segurança salvadorenha onde estão detidos, alegando serem vítimas de atos de "tortura física e psicológica".
Este é um momento de "profunda preocupação" para os defensores dos direitos humanos de El Salvador, "que enfrentam riscos crescentes" num contexto de "enfraquecimento das instituições e de repressão", considerou a organização humanitária.
"Até agora, nem a sua família nem a sua equipa jurídica conseguiram confirmar o paradeiro [de Ruth Lopez], nem onde foi detida", disse a Cristosal, em comunicado.
A Cristosal ajuda, desde 2022, famílias de pessoas injustamente acusadas de pertencer a gangues e vítimas da campanha antigangues do Presidente Bukele.
O grupo apoia, neste âmbito, as famílias dos migrantes venezuelanos que estão detidos há dois meses no Centro de Contenção do Terrorismo (CECOT) sob a acusação de pertencerem ao gangue 'Tren de Aragua', classificado como terrorista por Washington.
A administração norte-americana liderada por Donald Trump chegou a um acordo com Nayib Bukele para poder enviar os imigrantes detidos nos EUA para o CECOT, uma prisão famosa por alegadas violações dos direitos humanos.
Como parte do acordo, cujos pormenores específicos não foram divulgados, Washington irá apoiar o sistema prisional de El Salvador com 6 milhões de dólares (5,28 milhões de euros) por ano.
Os EUA enviaram para aquela prisão mais de 200 imigrantes, na sua maioria venezuelanos, acusando-os de pertencerem ao 'Tren de Aragua'.
A organização não-governamental (ONG) lançou recentemente uma aplicação 'online' para obter informações sobre os familiares destes venezuelanos detidos em El Salvador, tendo concluído que a maioria (78%) migrou para os Estados Unidos em busca de "melhores oportunidades económicas" ou para fugir à violência (35%), enquanto 9% queriam escapar de perseguições políticas.
Leia Também: Sudão denuncia expulsão "sem motivo" de pessoal diplomático nos EAU