"O Governo precisa de mostrar liderança decisiva nesta questão", salientou o dirigente do Business Unity South Africa (BUSA), Cas Coovadia, à imprensa local, destacando o "impacto negativo" dos contínuos apagões na confiança dos empresários no país.
A estatal elétrica da África do Sul, Eskom, aumentou desde segunda-feira, em pleno inverno, o nível de cortes de energia para o sexto mais severo, numa escala de oito.
Em Joanesburgo, os mais de 10,5 milhões de habitantes na capital do país têm sido afetados com 12 a 16 horas por dia sem energia elétrica nos últimos quatro dias.
Os novos cortes de energia são os mais severos desde 2019 na África do Sul.
Em comunicado, divulgado hoje, a Eskom reiterou uma nova escalada de cortes de energia atribuindo os apagões a uma greve salarial "ilegal" de última hora, em curso na empresa.
"Devido à continuidade da greve ilegal, o corte de carga de nível seis será implementado das 14:00 até à meia-noite. O estágio seis será novamente implementado das 05:00 até à meia-noite de sexta-feira", refere-se no comunicado.
"Os altos níveis de absentismo e intimidação de funcionários em algumas das centrais continua a ser elevado", adiantou a estatal elétrica sul-africana, acrescentando que "isso dificultou a manutenção de rotina e outros requisitos operacionais, o que afetará ainda mais a confiabilidade das unidades de geração".
A ex-governadora da província de Gauteng, onde se situa Joanesburgo, a capital do país, e ex-ministra do ANC governante, Nomvula Mokonyane, que integra a direção do partido no poder, declarou que o ANC "desconhece" as razões dos recentes cortes de energia severos que afetam o país.
"Somos acusados pelo destacamento de quadros, mas os quadros que colocamos [nas empresas] nem nos dizem que estamos perante o estágio seis de corte de carga", declarou.
Segundo Nomvula Mokonyane, a direção do ANC governante reuniu-se de emergência na semana passada para discutir a situação precária que se vive na Eskom.
A África do Sul, que é considerada o maior produtor de eletricidade no continente, importa também 75% da produção total da Hidroelétrica de Cahora Bassa (HCB), em Moçambique, forçando a elétrica moçambicana EDM a comprar energia três vezes mais cara a produtores independentes para abastecer o seu mercado interno, segundo um estudo do Centro de Integridade Pública (CIP) de Moçambique, em 2019.
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