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Franceses votam hoje para eleger "contrapoder" face a Macron

Na cidade La Courneuve, onde Jean-Luc Mélenchon conseguiu 64% dos votos na primeira volta das presidenciais, os franceses foram hoje às urnas para ajudar a eleger a coligação de esquerda, com esperança que criar um "contrapoder" face a Macron.

Franceses votam hoje para eleger "contrapoder" face a Macron
Notícias ao Minuto

14:01 - 12/06/22 por Lusa

Mundo Eleições França

"Como é uma coligação que incluiu vários partidos, cada um acrescenta uma pedra ao edifício e muitas pessoas que se calhar já não votavam à esquerda, podem voltar a votar. Sobretudo, é preciso criar um contrapoder. É isso que eu espero", disse Jean-Richard que votou esta manhã na Câmara Municipal de La Courneuve, em declarações à agência Lusa.

Esta cidade, situada no departamento de Seine-Saint-Denis, na região de Paris, foi um dos locais em França onde Jean-Luc Mélenchon ganhou com maior estrondo na primeira volta das presidenciais e quem foi às urnas esta manhã para votar na primeira volta das legislativas, só tem uma esperança.

"Emmanuel Macron não pode decidir tudo sozinho, é preciso visões diferentes da política e da sociedade para que haja um maior equilíbrio, para que todos possam participar. Acho que o programa de Emmanuel Macron vai ter de se adaptar ao resultado desta eleição", disse Ange, secretária que veio votar esta manhã com a filha.

A constituição da coligação Nova União Popular Ecologista e Social (Nupes) entre a França Insubmissa de Jean-Luc Mélenchon, ecologistas, comunistas e socialistas, veio, segundo os habitantes locais, trazer um pouco de "picante" às eleições, podendo retirar a maioria a Emmanuel Macron.

"A Constituição da V Répública tornou o Parlamento menos importante, quase como se estivesse às ordens do Presidente, portanto, em geral, as maiorias que se seguem a um Presidente têm a mesma cor política e aqui temos, sem dúvida, algo diferente que pode acontecer. Isso dá um pouco de picante à coisa", declarou Paul, reformado e comunista.

No entanto, há uma variável que preocupa os eleitores: a abstenção. Ao meio-dia, a taxa de participação nestas eleições a nível nacional era de 18,43%, menos 0,8% do que em 2017. Jean-Richard tentou explicar esta falta de mobilização.

"Há todas as crises com que estamos a ser confrontados. A guerra, a inflação, o poder de compra, a covid. As pessoas estão preocupadas e não pensam nas eleições. Nas presidenciais, toda a gente participa porque é o Presidente, mesmo se agora votamos para eleger quem vota efetivamente as leis que são os deputados", considerou este trabalhador dos transportes públicos.

Em La Courneuve, que faz parte da 4ª circunscrição de Seine-Saint-Denis, apresentaram-se 12 candidatos, com a candidata da Nupes, Soumya Boruoaha, a ter maior possibilidade de ser eleita, já que até agora era a suplente da deputada que está de saída, a comunista Marie-George Buffet. 

No entanto, mesmo numa circunscrição tradicionalmente de esquerda há dissidências. Um outro candidato comunista, Azzédine Taïbi, apresentou-se também contra a Nupes, gerando alguma confusão local. Mas nem isso deve travar a vitória da coligação hoje e no próximo dia 19 de junho.

"Esta primeira volta vai ser muito importante porque se houver uma mobilização à esquerda, como houve, por exemplo, nas circunscrições no estrangeiro, podemos pensar numa vitória, mas só se as pessoas vierem votar. Se esta tendência se comprovar, pode haver um grande entusiasmo à esquerda para a segunda volta", indicou Paul.

Acima de tudo, para territórios como Seine-Saint-Denis, onde havia uma grande expectativa de vitória de Jean-Luc Mélenchon nas presidenciais esta eleição representa mesmo a terceira volta.

"Esta eleição vai servir para quem não ficou satisfeito na primeira eleição compensar essa desilusão. Eu espero que a esquerda tenha um bom resultado. Nas presidenciais estivemos quase, portanto acho que vamos conseguir fazer a diferença", concluiu Deoni, assegurando que o eleitorado de esquerda está motivado para votar.

Depois da vitória de Emmannuel Macron na segunda volta das eleições presidenciais em abril, sobre a candidata de extrema-direita Marine Le Pen, as legislativas vão definir a composição do próximo parlamento.

Para vencer na primeira volta, o vencedor tem de reunir 50% dos votos que representem pelo menos 25% dos eleitores inscritos. Quando isto não acontece, passam à segunda volta, que se realiza no dia 19 de junho, todos os candidatos que tenham obtido votos equivalentes a mais de 12,5% dos inscritos ou os dois candidatos mais votados.

Leia Também: Parisienses desiludidos com a política recuam em dar uma maioria a Macron

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