Paquistão em Cabul para negociar cessar-fogo com talibãs paquistaneses
O governo do Paquistão enviou esta quarta-feira para Cabul uma delegação de 50 membros, para negociar uma extensão do cessar-fogo, que expirou esta semana, com os talibãs paquistaneses, adiantaram duas autoridades de segurança.
© Reuters
Mundo Paquistão
Os talibãs paquistaneses do movimento Tehreek-e-Talibã do Paquistão (TTP) são um grupo separado, mas aliado aos talibãs afegãos, que retomaram o poder no seu país em agosto, quando as tropas norte-americanas e da NATO se prepararam para a retirada do Afeganistão.
O TTP é responsável por vários ataques no Paquistão nos últimos 14 anos e há muito que luta por uma aplicação mais rigorosa das leis islâmicas no país, pela libertação dos seus membros que estão sob custódia do governo e pela redução da presença militar paquistanesa nas antigas tribos do país.
O último cessar-fogo expirou na terça-feira, depois de uma trégua semelhante, negociada em novembro entre o TTP e o Paquistão e intermediada pelos talibãs afegãos, ter durado um mês, até 30 de maio.
Nenhum dos cessar-fogos abriu caminho a um acordo de paz permanente.
Ambos os lados permanecem em silêncio sobre as negociações anteriores em Cabul, quer sobre os pontos de discórdia, quer sobre as hipóteses de prolongar o cessar-fogo.
Segundo analistas, um acordo mais permanente pode ser possível se ambos os lados estiverem dispostos a mostrar flexibilidade sobre o que é ou não aceitável para estes.
Duas altas figuras do TTP, próximos das negociações, confirmaram à agência Associated Press (AP) a chegada de uma equipa de 50 membros a Cabul.
Já o governo paquistanês e os talibãs do Afeganistão não divulgaram qualquer declaração.
Os dois membros do TTP acrescentaram que o grupo pediu ao governo paquistanês que revogue uma lei de 2018, que terminaria com o estatuto de semi-independente das antigas regiões tribais que remontam ao domínio colonial britânico.
É improvável que Islamabade ceda a este pedido, já que a lei abriu o caminho para conceder direitos iguais a milhões de residentes nas áreas rebeldes, uma vez que foram incorporados à autoridade do Paquistão como província de Khyber Pakhtunkhwa.
O TTP também quer que as tropas paquistanesas se retirem de Khyber Pakhtunkhwa, libertem todos os combatentes do TTP sob custódia do governo e revoguem todos os processos legais contra eles.
Já o Paquistão exigiu que o TTP se desfaça, aceite a constituição paquistanesa e corte todos os seus laços com o grupo Estado Islâmico, outro grupo militante sunita com uma filial regional que atua tanto no Afeganistão quanto no Paquistão.
O TTP realizou vários ataques sangrentos no Paquistão, entre a sua criação em 2007 e 2014, mas a partir daí ficou enfraquecido em resultado de intensas operações do exército governamental.
A chegada ao poder os talibãs no Afeganistão parece estar a revigorar este movimento, forçando o Governo paquistanês a abrir negociações, acompanhadas de um cessar-fogo, no final do ano.
A região de fronteira entre o Paquistão e o Afeganistão tem servido de base para vários grupos armados.
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