Quase 200 candidatos pró-Trump têm tentado garantir a nomeação para serem candidatos republicanos nas eleições intercalares de novembro (ou 'Midterms'), desde candidatos a governadores, a senadores, a congressistas ou a cargos elegíveis mais locais. Donald Trump apostou a sua influência no Partido Republicano nestas eleições, colocando muitos dos seus aliados e fãs em concorrência direta contra republicanos que criticaram a sua postura nas eleições de 2020.

No Texas, a campanha de Trump obteve uma vitória que, do ponto de vista nacional, não tem grandes implicações, mas é historicamente marcante: pela primeira vez em 42 anos, o grande estado do Texas está 'livre' da família Bush.

Na terça-feira, o procurador-geral Ken Paxton, um forte aliado de Trump e dos seus esforços em reverter o resultado das eleições presidenciais, venceu a 2.ª mão das primárias contra o atual comissário do Terreno, George P. Bush - nos EUA, o cargo de procurador-geral e outros cargos na justiça são escolhidos por plebiscito.

George P. Bush é filho de Jeb Bush, antigo governador da Flórida e antigo candidato presidencial. P. Bush é também sobrinho de George W. Bush, o 43.º presidente dos Estados Unidos da América, que governou o país entre 2001 e 2009.

O domínio Bush no Texas começou pouco depois de George H.W. Bush (conhecido como 'Bush senior') se mudar para o estado para se juntar à indústria do petróleo, passados seguidos pelo seu filho. Em 1980, o então candidato presidencial George H. W. Bush, pai de Jeb e George W. e tio-avó de P. Bush, perdeu a primária contra Ronald Reagan, que acabaria por conseguir a nomeação republicana e vencer a presidência.

George H. Bush assumiu o cargo de vice-presidente de Reagan durante dez anos e, em 1989, sucedeu ao seu 'patrão' e tornou-se no primeiro Bush a vencer a presidência dos Estados Unidos. Desde então, raras foram as derrotas dos Bush no estado do Texas.

Em 2016, Jeb Bush tentava ser o terceiro Bush a chegar à presidência, mas a subida galopante de Donald Trump ao poder apagou essa hipótese e Jeb acabaria por sofrer uma derrota estrondosa nas primárias no Texas. Quatro anos depois, Pierce Bush, neto de George W. Bush, perdeu outra primária no Texas, desta vez nas primárias republicanas contra o incumbente congressista por Houston, Pete Olson.

Segundo o jornal local Texas Tribune, a derrota de George P. Bush marca "uma viragem nas políticas republicanas no Texas, do aparelho pró-negócios para um estilo mais populista, combativo e brusco". Entrevistada pelo jornal, uma cientista política comparou o nome da família Bush, no Texas, com o nome Romanov, na Rússia.

O vencedor da primária que deitou por terra o domínio Bush foi Ken Paxton, com cerca de 59% dos votos. Apesar de ser um incumbente popular, Paxton passou a campanha a limpar a sua imagem, manchada por uma investigação do FBI sobre alegações de fraude fiscal durante sete anos. Mas a sua aproximação ao populismo de Trump no Texas, atacando a imigração de mexicanos, o direito ao aborto e os direitos da comunidade trans, valeram-lhe a primária.

Em 2021, Donald Trump apoiou oficialmente o procurador-geral, depois deste ter tentado ajudar o antigo presidente a reverter o resultado das eleições de 2020 - Trump alegou e continua a alegar que a eleição foi roubada, apesar de nenhuma entidade oficial confirmar estas alegações.

Derrotado, George P. Bush publicou um comunicado no Twitter onde admitiu que as coisas "não correram como o planeado", mas salientou que o massacre "tráfico" em Uvalde de terça-feira "põe em perspetiva as desilusões temporárias da vida".

Leia Também: Primárias republicanas testam influência de Donald Tump no partido