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Uigures da Turquia apelam a Bachelet: "Libertem os nossos familiares!"

Representantes da comunidade uigur da Turquia exortaram hoje a Alta-Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, a denunciar "livremente" a situação em Xinjiang durante a sua visita à China, acusada de genocídio daquela minoria.

Uigures da Turquia apelam a Bachelet: "Libertem os nossos familiares!"
Notícias ao Minuto

18:27 - 10/05/22 por Lusa

Mundo ONU

No início de março, Michelle Bachelet anunciou ter chegado a acordo com Pequim "para uma visita" que a levaria, em particular, a Xinjiang, onde as autoridades chinesas são acusadas de crimes contra a Humanidade sobre a minoria muçulmana e turcófona dos uigures.

A comunidade uigur, 50.000 membros da qual encontraram refúgio na Turquia, realizou nos últimos anos várias manifestações em frente ao consulado chinês em Istambul, brandindo retratos de membros das suas famílias de que não têm notícias há anos, em alguns casos.

"Apelo à Alta-Comissária da ONU para os Direitos Humanos para que visite os campos de concentração e fale livremente com as pessoas, sem as câmaras de vigilância ou a presença da polícia chinesa, e revele ao mundo a situação dos direitos humanos lá", declarou Ahmet Ilyasoglu, um uigur instalado na Turquia, numa conferência de imprensa organizada pela associação Vítimas dos Campos de Concentração, em Istambul.

"Se a ONU lá for e ouvir os argumentos tendenciosos da China, tal resultará num relatório ao mesmo tempo falso e constrangedor para a ONU e a organização dos direitos humanos", acrescentou.

Estudos ocidentais e muitas associações acusam Pequim de ter internado em campos de concentração em Xinjiang, no noroeste da China, pelo menos um milhão de pessoas, maioritariamente uigures, de realizar esterilizações e abortos à força e de impor trabalhos forçados.

Vários países ocidentais, entre os quais os Estados Unidos, França e o Reino Unido, denunciaram "um genocídio em curso" contra os uigures.

Pequim rejeita tais acusações e apresenta as suas instalações como "centros de formação profissional".

Medine Nazimi exigiu "respostas verdadeiras" sobre o destino da sua irmã detida num campo em Xinjiang, segurando na mão uma foto dela com uma inscrição "China, liberta a minha irmã!".

"Queríamos que a ONU pudesse ir ao nosso país verificar tudo. Não acreditem no Governo chinês, acreditem em nós!", insistiu.

"A minha irmã é apenas uma das vítimas dos campos de concentração. Onde está ela? Está sã e salva? Não sabemos nada", afirmou Nazimi, sem notícias da irmã há cinco anos.

"O Governo chinês separou-nos dos nossos entes queridos. Não conseguimos ter qualquer notícia deles. Queremos que a ONU obrigue ao encerramento dos campos de concentração e salve os nossos familiares", sustentou.

Segundo outra mulher, Fatma Aziz, o Governo chinês obrigou os seus familiares a ficarem trancados em casa durante a visita da Alta-Comissária da ONU, cuja data continua indefinida, por causa da pandemia de covid-19.

"A minha tia está lá presa com os seus dois meninos. A China prendeu o seu marido por recitar o Corão", relatou.

"Queremos que a ONU liberte as nossas famílias", frisou.

Fatma Aziz refugiou-se na Turquia em 2015 com o marido e os cinco filhos.

Os uigures em fuga à perseguição encontraram refúgio na Turquia, país culturalmente próximo e que é há muito um dos principais defensores da sua causa contra Pequim.

A advogada Gulden Sonmez espera ver Bachelet caminhar livremente pelas ruas de Xinjiang.

"Se ela lá for, verá a realidade. O Turquistão oriental foi quase transformado num campo de concentração. São milhões de pessoas", insistiu.

Em janeiro, um grupo de uigures apresentou queixa junto da Justiça turca contra as autoridades chinesas, acusando-as de serem responsáveis por violações, tortura e trabalhos forçados.

Leia Também: Irão denuncia construção pela Turquia de barragens em rios de fronteira

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