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Mais de 300 mortos em manifestações desde 2002 na Venezuela, diz ONG

Uma organização não-governamental (ONG) venezuelana denunciou hoje que pelo menos 320 pessoas foram assassinadas no país, desde abril de 2002, durante manifestações.

Mais de 300 mortos em manifestações desde 2002 na Venezuela, diz ONG
Notícias ao Minuto

06:18 - 12/04/22 por Lusa

Mundo Protestos

"O projeto bolivariano, que reivindicava o direito à manifestação pacífica, não só afinou os mecanismos legais para restringir o seu exercício, mas também, na fase mais recente, aumentou dramaticamente a letalidade exercida contra quem exprime descontentamento nas ruas", afirmou, em comunicado, o Programa Venezuelano de Educação e Ação em Direitos Humanos (Provea).

A denúncia surgiu quando se completam 20 anos dos violentos acontecimentos de 11 de abril de 2002, em Caracas, que afastaram temporariamente o então Presidente Hugo Chávez, indicou a ONG.

O registo incluiu os dados das vítimas até dezembro de 2020, período durante o qual 9.138 pessoas foram feridas em manifestações no país.

"Decorreram 20 anos. Um ciclo de insurreição que deixou um número trágico de mortos e feridos, e concluiu com a rutura da ordem democrática e a posterior restituição de Hugo Chávez no poder. O 11 de Abril (de 2002) marcou o início de um processo prolongado de criminalização e obstrução do exercício dos direitos de associação, reunião e manifestação pacífica, que se mantém e ganhou força", explicou.

A Provea indicou que "a criação de zonas de exclusão para dificultar o exercício do direito de reunião e associação pacífica é hoje um dos legados mais negativos da administração de Hugo Chávez, agora continuado por Nicolás Maduro", atual Presidente venezuelano.

"Depois dos acontecimentos de abril de 2002, começou a levantar-se um muro para impedir que manifestações convocadas por setores da oposição venezuelana pudessem dirigir-se às sedes de instituições governamentais como o Palácio Miraflores, a Assembleia Nacional e outros espaços", adiantou.

Para a ONG, "esta lógica de exclusão foi reforçada por uma campanha agressiva e permanente de criminalização dirigida a semear no imaginário popular a ideia de que qualquer manifestação dirigida às principais sedes do governo do país tinha como propósito gerar o caos e promover um golpe de Estado, daí que qualquer resposta repressiva e autoritária era válida para conter tal situação".

Em 2002, a Lei Orgânica de Segurança da Nação foi reforçada, ampliando as zonas de segurança e proibindo a realização de assembleias, greves ou manifestações, pelo que "já não só os opositores foram alvo da exclusão e penalização por exercer os seus direitos", os "trabalhadores, camponeses e ativistas" passaram a ser as principais vítimas da judicialização dos protestos e criminalização do exercício dos direitos constitucionais", salientou.

"Pelo menos 150 dirigentes sindicais converteram-se em presos ou perseguidos políticos", devido à aplicação de várias leis, tendo como justificação a "defesa dos interesses da nação", acrescentou.

Por outro lado, a reforma do Código Penal, em 2005, levou à ilegalização dos encerramentos de rua por manifestantes, criminalizou a obstrução da distribuição de bens de primeira necessidade e tem sido aplicada contra os manifestantes.

A legislação passou a penalizar qualquer conduta que afete o consumo de alimentos ou produtos com preços regulados, o que tem impedido greves nas empresas estatais, explicou.

Já em 2009, a reforma da Lei das Forças Armadas Bolivarianas, introduziu a figura dos "corpos combatentes" dentro das empresas estatais e privadas, uma tendência que impulsionou "milícias operárias".

Em maio passado, foi reforçada da criminalização dos protestos com a promulgação da Lei Orgânica contra a Criminalidade Organizada e Financiamento do Terrorismo, lembrou.

Em 2014, o então presidente da Câmara Municipal de Libertador (centro), Jorge Rodríguez, decretou a cidade de Caracas "zona livre do fascismo" e desde então nenhuma manifestação opositora foi autorizada a transitar livremente.

A ONG acrescentou que, desde 2002, cada ciclo importante de protestos tem sido acompanhado por um aumento dos padrões repressivos que envolvem o uso excessivo da força e a presença de civis armados para atacar manifestações, cada vez mais frequente.

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