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Governo francês admite avançar com autonomia da Córsega

O governo francês admitiu a possibilidade de um estatuto autónomo para a Córsega, algo há muito desejado pelos independentistas que na última semana têm causado distúrbios em várias cidades.

Governo francês admite avançar com autonomia da Córsega
Notícias ao Minuto

14:20 - 16/03/22 por Lusa

Mundo Córsega

A possibilidade de um estatuto que permita à ilha no Mar Mediterrâneo uma maior independência em relação a Paris foi anunciada pelo ministro do Interior, Gérald Darmanin, em entrevista ao jornal "Corse Matin".

O ministro, que estará na Córsega hoje e quinta-feira, disse que o Presidente Emmanuel Macron "está pronto a ir até à autonomia" caso ganhe o segundo mandato nas eleições de abril.

"Depois é preciso ver no que é que consiste esta autonomia. É preciso que discutamos", adiantou Gérald Darmanin.

Na última semana, após um ataque brutal a Yvan Colonna - um independentista corso condenado pelo assassínio do prefeito do sul da Córsega em 1998 - na prisão onde estava a cumprir pena, a ilha voltou a sentir a força dos independentistas, que defendem a inocência de Colonna e reclamam mais autonomia para o território.

Segundo o Ministério Público francês, Yvan Colonna terá sido vítima de um recluso muçulmano radicalizado que estava na mesma prisão e continua internado em estado grave num Hospital em Marselha.

Darmanin reconheceu que a República deve proteger melhor os seus reclusos.

Os protestos começaram em Ajaccio, a capital da Córsega, e propagaram-se a toda a ilha. Dezenas de polícias ficaram feridos em noites consecutivas de violência, edifícios públicos foram incendiados e escolas foram bloqueadas.

Januário Monteiro, um antigo dirigente associativo português em Porto Vecchio, disse à agência Lusa que os principais confrontos aconteceram em Ajaccio, mas que perto da sua cidade as escolas foram bloqueadas.

A visita de Gérald Darmanin visa acalmar os ânimos. A violência dos protestos na Córsega era habitual até aos anos 2000, mas não nos últimos tempos.

"Há quinze anos as coisas eram mais tensas. A Córsega é um sítio especial e as autoridades têm de pensar muito bem naquilo que fazem, são situações delicadas", explicou Januário Monteiro, que se instalou na Córsega em 1979.

Desde o século XVIII que a Córsega está sob controlo da França, tendo sido primeiro administrada pelas autoridades francesas e depois anexada devido à falta de pagamento dos genoveses que detinham a ilha. Desde então, sucessivas vagas de independentistas têm lutado por uma maior autonomia, para o qual se organizaram politicamente.

A Córsega já possui um "estatuto particular", atualizado pela última vez em 2018, que lhe confere mais competências do que a maior parte das regiões em França. Tem um presidente do Conselho Executivo, a sua própria Assembleia, poder de decisão sobre os transportes dos bens.

No entanto, a Córsega continua a insistir num estatuto autónomo mais alargado, à semelhança do que possuem outras ilhas europeias como as italianas Sardenha e Sicília, as espanholas Baleares e Canárias ou as portuguesas Madeira e Açores.

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