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Centenas de monges da Birmânia fogem dos combates

Centenas de monges fugiram dos seus mosteiros na Birmânia oriental para escapar aos intensos combates entre o exército e os grupos rebeldes antigovernamentais, disseram hoje várias testemunhas à AFP.

Centenas de monges da Birmânia fogem dos combates
Notícias ao Minuto

12:15 - 16/01/22 por Lusa

Mundo Birmânia

Em Loikaw, estado de Kayah, cerca de 30 mosteiros foram abandonados à medida que as pessoas saíam da cidade em dezenas de camiões, contou uma dessas testemunhas, sob anonimato.

Muitos monges também fugiram da cidade de Demoso, a poucos quilómetros de distância, acrescentou.

Há vários dias que as duas cidades, localizadas 200 quilómetros a leste da capital Naypyidaw, são palco de intensos combates entre rebeldes e forças armadas, que lançaram ataques aéreos e dispararam artilharia.

As Nações Unidas estimam que metade da população de Loikaw foi forçada a partir e que quase 90.000 pessoas do Estado de Kayah fugiram.

Em Loikaw, os combatentes rebeldes tomaram posse de igrejas e casas abandonadas, e forçaram a abertura de uma prisão numa tentativa de atrair reclusos para se juntarem a eles, disse um agente da polícia local.

A Birmânia está mergulhada no caos desde o golpe de Estado militar de 1 de fevereiro do ano passado, que derrubou Aung San Suu Kyi e pôs fim a uma década de transição democrática.

Numa altura em que a situação sanitária e humanitária é crítica, os militares estão, segundo a Human Rights Watch, a bloquear a chegada de ajuda e medicamentos às zonas onde a resistência é mais forte.

O relator especial das Nações Unidas para a Birmânia, Tom Andrews, já instou o chefe da junta militar, Min Aung Hlaing, a "acabar com os ataques aéreos e terrestres" contra Loikaw e a "deixar passar a ajuda humanitária".

Mas a comunidade internacional não tem muita margem de manobra para resolver a crise, já que a junta militar não responde aos apelos das Nações Unidas e da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).

Desde o golpe de Estado, mais de 1.400 civis foram mortos pelas forças da ordem e mais de 11 mil foram detidos, segundo uma organização não-governamental local.

Condenada a seis anos de prisão, Aung San Suu Kyi, com 76 anos, está detida em local secreto há um ano.

Hoje, o chefe da diplomacia das Filipinas escreveu, na rede social Twitter, que Aung San Suu Kyi é "indispensável" ao restabelecimento da democracia na Birmânia.

Teodoro Locsin reagiu assim à nova condenação de Suu Kyi por um tribunal militar.

No dia 10, a Nobel da Paz foi considerada culpada de três acusações e condenada a quatro anos de prisão. Ao mesmo tempo, o tribunal da junta acrescentou cinco novas acusações de corrupção aos muitos processos que já pendem contra a ex-dirigente.

A condenação foi criticada por países ocidentais, como Estados Unidos e Noruega, mas as nações asiáticas mantiveram-se, na maioria, em silêncio, agora interrompido pelo chefe da diplomacia filipina.

Em abril, a ASEAN negociou com a junta militar um acordo para restaurar o diálogo na Birmânia, mas este produziu poucos resultados.

Em outubro, a organização excluiu de uma cimeira o chefe da junta militar, o general Min Aung Hlaing, em resposta à recusa para que um enviado internacional se encontrasse com Suu Kyi.

Leia Também: Myanmar: Dezenas de monges budistas protestam contra junta militar

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