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Ortega inicia 5.º mandato apoiado em China e Rússia e isolado de EUA e UE

O Presidente nicaraguense, Daniel Ortega, inicia hoje um quinto mandato, o quarto consecutivo e o segundo com a mulher como vice-presidente, apoiado na China, Rússia, Venezuela e Cuba e isolado dos Estados Unidos e da União Europeia (UE).

Ortega inicia 5.º mandato apoiado em China e Rússia e isolado de EUA e UE
Notícias ao Minuto

18:09 - 10/01/22 por Lusa

Mundo Nicarágua

O ex-guerrilheiro sandinista de 76 anos, que governa sem oposição na Nicarágua desde 2012, tomará posse para o quinto mandato de cinco anos juntamente com a mulher, Rosario Murillo, numa cerimónia que decorrerá durante a tarde na Plaza de la Revolución, em Manágua, um dia depois de se ter formado a nova Assembleia Nacional (parlamento), onde o partido no poder controla 75 dos 91 lugares.

Até agora, só o Presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, aterrou em Manágua, depois de ter confirmado a sua presença na cerimónia de posse de Ortega e Murillo.

"Voltamos à cativante Manágua, capital da Nicarágua, outra nação soberana que saiu do quintal das traseiras imperial. Vimos carregados de solidariedade para a tomada de posse do irmão Daniel. Cuba vive", escreveu Díaz-Canel na rede social Twitter.

A China, o novo aliado de Ortega, que cortou relações com Taiwan após quase 15 anos seguidos no poder, estará representada por Cao Jianming, vice-presidente do Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular (ANP, o poder legislativo chinês), na qualidade de enviado especial do Presidente, Xi Jinping.

Do Irão, estará também presente na cerimónia uma delegação, liderada pelo vice-presidente de Assuntos Económicos da República Islâmica, Moshen Rezai, ao passo que a Rússia não informou ainda quem a representará.

Quanto aos restantes países da América Latina, o México já anunciou que se fará representar pelo seu encarregado de negócios em Manágua, na ausência de um embaixador mexicano, pelo facto de o Presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, ter considerado "imprudente" que o seu Governo não enviasse ninguém à cerimónia de posse de Daniel Ortega, que inicia o seu quinto mandato sob acusações de fraude.

"Ainda não foi decidido. Quando é a tomada de posse? Hoje? Não sabia. Vamos a ver se dá tempo de chegar, porque nós temos boas relações com todos e não queremos ser imprudentes (...), não podemos deixar de lado a nossa política de autodeterminação e de independência dos povos", afirmou o chefe de Estado mexicano na sua conferência de imprensa matutina no Palácio Nacional.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros mexicano anunciou no domingo que Martín Borrego, diretor da América do Sul, iria à investidura presidencial de Ortega.

No entanto, pouco depois, e a escassas horas da cerimónia, o ministério anunciou o cancelamento da participação do México, depois de o diretor regional da Human Rights Watch (HRW), José Miguel Vivanco, ter censurado a decisão.

"Nenhum funcionário do Ministério dos Negócios Estrangeiros mexicano irá à tomada de posse na Nicarágua. Temos a reunião de embaixadores e cônsules", indicou o ministério num 'chat'.

Contudo, hoje, na sua conferência, López Obrador indicou que será Ramiro Ayala, o encarregado de negócios na embaixada do México na Nicarágua, a representar o país na cerimónia de hoje.

Daniel Ortega está no poder desde 2007, depois de ter coordenado uma Junta de Governo de 1979 a 1985 e de ter presidido pela primeira vez ao país entre 1985 e 1990.

O líder sandinista poderá permanecer no cargo até janeiro de 2027 e completar 20 anos seguidos no poder, um caso inédito na história recente da Nicarágua e na América Latina atual.

Ortega venceu, em novembro passado, umas eleições em que não participaram os seus principais adversários políticos porque, nos meses anteriores, as autoridades dissolveram três partidos políticos e detiveram mais de 40 dirigentes da oposição, entre os quais sete pré-candidatos presidenciais, incluindo a independente Cristiana Chamorro, a favorita, segundo as sondagens.

Em reação, a Assembleia-Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) aprovou uma resolução assegurando que essas eleições careceram de "legitimidade democrática" e não foram nem livres, nem justas, nem transparentes.

Por sua vez, os Estados Unidos da América (EUA) classificaram o escrutínio como uma "fantochada" e a UE como "fake" (falseado), e impuseram sanções ao círculo próximo de Ortega desde abril de 2018, altura em que eclodiu uma revolta popular contra o seu Governo, prontamente reprimida pela força, fazendo centenas de mortos e detidos e milhares de exilados.

Em pleno dia da tomada de posse, a UE anunciou a imposição de sanções a mais sete pessoas, incluindo a filhos do Presidente Ortega, e ainda a três entidades da Nicarágua, devido ao agravamento da situação no país, nomeadamente violação de direitos humanos.

O Governo sandinista acusou a OEA de "ingerência nos assuntos internos" e denunciou a Carta da organização, o seu documento fundador assinado em 1948, um processo que levará dois anos até se tornar efetiva a saída da Nicarágua.

Diversas organizações da oposição convocaram em vários países para hoje uma jornada de protesto sob o lema "A Nicarágua não tem Governo nem poderes legítimos do Estado".

Cidadãos nicaraguenses exilados na Costa Rica levaram a cabo na noite de domingo uma vigília para expressar a sua rejeição do novo mandato de Ortega, que consideram ilegítimo.

Com cartazes e velas, e muitos deles vestidos de azul e branco, cores da bandeira da Nicarágua, os exilados reuniram-se na Plaza de la Democracia, na capital da Costa Rica, um local que se tornou o ponto de encontro dos nicaraguenses para este tipo de ação.

O lema "Ortega ilegítimo" é a principal mensagem que motivou esta manifestação, convocada por diversas organizações de exilados e da oposição nicaraguense que há meses funcionam a partir da Costa Rica.

A Costa Rica, vizinha da Nicarágua, é um dos principais lugares de exílio dos nicaraguenses, juntamente com outros países, como os EUA.

Leia Também: UE alarga sanções à Nicarágua e inclui na lista filhos de Daniel Ortega

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