Sociedade em debate por um "jornalismo mais livre" em São Tomé e Príncipe
Um encontro internacional para refletir sobre media e cidadania e que reivindica um "jornalismo mais livre e com melhores condições" arrancou hoje em São Tomé e Príncipe, com a participação de jornalistas são-tomenses e convidados da comunidade lusófona .
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Mundo São Tomé e Príncipe
O encontro internacional denominado "media e cidadania" é organizado pela Federação das Organizações Não Governamentais de São Tomé e Príncipe (FONG-STP) com o patrocínio da cooperação portuguesa através da Associação para a Cooperação entre os Povos (ACEP) e reúne em São Tomé cerca de dez oradores provenientes de Angola, Brasil, Guiné-Bissau, Moçambique e Portugal.
"Sentimos essa necessidade de reunir também jornalistas de outros países de língua portuguesa e debater aqueles que são os riscos, as fragilidades e os desafios comuns, e ter aqui uma plataforma de entendimento sobre o se pode fazer a partir daqui [São Tomé e Príncipe]," explicou a representante a ACEP, Filipa Oliveira.
No primeiro dia da conferência estiveram em debate temas como "o papel do jornalismo na democracia", "media, representações e cidadania" e ainda "o jornalismo na era da (des) informação" em volta dos quais se debateu sobre os vários desafios e ameaças do jornalismo na atualidade.
"Nós estamos a falar de níveis diferentes de ameaça, mas mesmo assim as ameaças são reais e uma delas é a autocensura", disse Filipa Oliveira, acrescentando que em Moçambique, por exemplo, já aconteceram casos de "assassinato a queima-roupa" de jornalistas.
O jornalista moçambicano Borges Nhamirre, considerou na sua apresentação que "tal como Moçambique, São Tomé e Príncipe tem uma base legal ótima para a realidade africana para o exercício do jornalismo".
"A Constituição de São Tomé e Príncipe estabelece toda a base para o exercício da profissão do jornalismo sem a censura formal. O que falta neste momento é que o jornalista se liberte e tenha coragem de fazer o seu trabalho se desfazendo das amaras políticas", defendeu, acrescentando que "o jornalista deve estar para servir a sociedade, não para servir o poder político, nem o poder económico".
"A complexidade dos desafios que se colocam hoje aos nossos países, em particular aos insulares, em via de desenvolvimento, em que os interesses são múltiplos e contraditórios, exige dos profissionais dos medias uma postura proativa e reflexão constantes, disse o presidente da Associação dos Jornalistas São-tomenses, Juvenal Rodrigues.
Na abertura do encontro que teve lugar no auditório da Universidade de São Tomé, o ministro da Presidência do Conselho de Ministros, Comunicação Social e Novas Tecnologias, Wuando Castro, considerou que "este trabalho de reflexão será importante para se pôr a nu os desafios" do contexto atual em que "a própria indústria do jornalismo, tem que se reinventar" e "se adaptar a nova dinâmica social de forma que não seja ultrapassada".
"Os jornalistas são por excelência construtores da realidade e quando não puderem se afirmar como veículos credíveis de informação poderão ser ultrapassados por estas novas formas de difusão de notícias -- as plataformas digitais -- que são mais imediatas e instantâneas, mas nem sempre estão consolidadas naquilo que se chama a verdade jornalística dos fatos", defendeu Wuando Castro.
O ministro destacou que o Governo tem tentado dar o seu melhor para "a afirmação da classe dos jornalistas", realçando a aprovação recente de alguns diplomas "nomeadamente, o estatuto dos jornalistas, o código deontológico profissional e o regulamento da carteira profissional que está em fase de negociação bastante avançada" com o Sindicato da classe.
"Estamos a dar esse sinal de abertura. Entendemos o papel importante que os jornalistas exercem nas sociedades modernas. Continuamos e vamos continuar abertos ao diálogo. Continuamos e continuar a valorizar também o papel das organizações da sociedade civil independente e aquelas, sobretudo, que não tenham agendas obscuras", precisou o ministro.
Os debates e conferências prosseguem esta terça-feira destacando temas como "o jornalismo local e comunitário" e "os desafios do jornalismo na atualidade na perspetiva dos países em desenvolvimento".
A representante da ACEP avançou que no final destes dois dias de trabalhos será elaborada uma declaração final, "uma espécie de plano de plano de ação - que possa também ser usado nos vários contextos para poder reivindicar um jornalismo mais livre e com melhores condições".
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