Segundo uma publicação na plataforma social Twitter da NetBlocks, organização fundada em 2017 que monitoriza a liberdade de acesso à Internet, a interrupção está agora no seu 18.º dia e representa um "impedimento contínuo" à democracia e aos direitos humanos.
Um tribunal sudanês deliberou, na quarta-feira, que os três principais fornecedores de telecomunicações do país devem restabelecer o acesso à Internet. No entanto, as autoridades ainda não mostraram qualquer sinal de cumprimento da ordem.
As interrupções da Internet tornaram-se comuns no Sudão desde que surgiram protestos a nível nacional em finais de 2018, que levaram ao afastamento pelos militares do autocrata do país, Omar al-Bashir, em abril de 2019.
Na altura, as interrupções foram uma tentativa de repressão dos protestos.
As autoridades perturbaram as redes sociais durante 68 dias, de acordo com a NetBlocs, sediada em Londres.
Em 25 de outubro, os militares sudaneses tomaram o poder, dissolvendo o Governo de transição do país e detendo mais de 100 funcionários governamentais e líderes políticos, juntamente com um grande número de manifestantes e ativistas.
O Exército também colocou o primeiro-ministro do país, Abdalla Hamdok, sob prisão domiciliária na sua residência na capital, Cartum.
Desde a tomada do poder, pelo menos 14 manifestantes anticorrupção foram mortos devido às forças de segurança do país, segundo os médicos sudaneses e a Organização das Nações Unidas (ONU).
O golpe foi condenado pela ONU, pelos Estados Unidos da América e pela União Europeia, que têm instado os generais a restabelecer um Governo de transição militar-civil.
Na quarta-feira, o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, disse que o representante especial da ONU para o Sudão, Volker Perthes, se reuniu no dia anterior com o chefe do Exército sudanês, o general Abdel-Fattah al-Burhan.
Nas conversações, o representante especial instou a "um regresso à parceria de transição" e apelou aos militares "a exercerem contenção e a tomarem medidas de prevenção, incluindo a libertação de todas as pessoas que foram detidas e do primeiro-ministro, que permanece sob prisão domiciliária", disse Dujarric.
O porta-voz declarou também que o secretário-geral da ONU, António Guterres, falou com o primeiro-ministro deposto, Hamdok, no início da semana.
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