Israel revoga vistos de diplomatas após Austrália reconhecer Palestina

Israel anunciou hoje a decisão de revogar os vistos dos diplomatas australianos junto da Autoridade Palestiniana, cuja sede se situa no território ocupado de Ramallah, após a decisão da Austrália de reconhecer um Estado palestiniano em setembro.

Gideon Saar

© GIL COHEN-MAGEN/AFP via Getty Images

Lusa
18/08/2025 14:53 ‧ há 2 horas por Lusa

Mundo

Médio Oriente

"Uma notificação para este efeito foi recentemente enviada ao embaixador australiano em Israel", declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Gideon Saar, num comunicado, explicando que tinha também dado instruções à embaixada israelita em Camberra para analisar "cuidadosamente" qualquer pedido de visto na Austrália para entrar em Israel.

 

"Tal vem na sequência da decisão da Austrália de reconhecer um 'Estado palestiniano' e da recusa de conceder vistos para a Austrália sem justificação a várias figuras israelitas, incluindo a ex-ministra da Justiça Eilat Shaked e o presidente da Comissão de Constituição, Direito e Justiça do Knesset (parlamento), o deputado Simcha Rothman", acrescentou Saar no comunicado.

Hoje, a Austrália proibiu Simcha Rothman, deputado de extrema-direita do Sionismo Religioso, de entrar no país, por difundir "uma mensagem de ódio e divisão", como afirmou o ministro do Interior, Tony Burke.

Depois de criticar o plano israelita de ocupação da cidade de Gaza, a Austrália seguiu o exemplo de outros países decidindo, a 11 de agosto, em Camberra, reconhecer o Estado da Palestina na próxima Assembleia-Geral das Nações Unidas.

Mais de 146 países já reconhecem a Palestina. Nas últimas semanas, França, Canadá, Nova Zelândia e Reino Unido comprometeram-se igualmente a fazê-lo.

Portugal também já iniciou o processo com vista ao reconhecimento da Palestina na Assembleia-Geral das Nações Unidas.

Esta decisão surge na sequência da guerra que Israel trava na Faixa de Gaza desde 07 de outubro de 2023, desencadeada pelo ataque cometido horas antes pelo movimento islamita palestiniano Hamas em território israelita, fazendo cerca de 1.200 mortos e 251 reféns.

A guerra naquele enclave palestiniano fez, até agora, pelo menos 62.004 mortos, na maioria civis, e 154.906 feridos, além de milhares de desaparecidos, presumivelmente soterrados nos escombros, e mais alguns milhares que morreram de doenças, infeções e fome, de acordo com números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.

Prosseguem também diariamente as mortes por fome, causadas pelo bloqueio de ajuda humanitária durante mais de dois meses, seguido da proibição israelita de entrada no território de agências humanitárias da ONU e organizações não-governamentais (ONG).

Alguns mantimentos estão desde então a entrar a conta-gotas e a ser distribuídos em pontos considerados "seguros" pelo Exército, que regularmente abre fogo sobre civis palestinianos famintos, tendo até agora matado 1.908 e ferido pelo menos 13.863.

Há muito que a ONU declarou o território em grave crise humanitária, com mais de 2,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" e "o mais elevado número de vítimas alguma vez registado" pela organização em estudos sobre segurança alimentar no mundo.

Já no final de 2024, uma comissão especial da ONU tinha acusado Israel de genocídio em Gaza e de estar a usar a fome como arma de guerra, situação também denunciada por países como a África do Sul junto do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), uma classificação igualmente utilizada por organizações internacionais e israelitas de defesa dos direitos humanos.

Leia Também: EUA pedem a Israel cumprimento do cessar-fogo no sul do Líbano

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