A convocação foi feita depois de militares polacos estacionados na fronteira do país com a Bielorrússia terem informado que três pessoas de uniforme e com espingardas entraram em território polaco, disse hoje o porta-voz dos serviços de segurança da Polónia, Stanislaw Zaryn.
"Quando encontraram a patrulha polaca, [os indivíduos] pegaram nas armas e voltaram para o lado da Bielorrússia", disse Zaryn.
O incidente aconteceu, de acordo com o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Lukasz Jasina, na madrugada de terça-feira, tendo o encarregado de negócios bielorrusso, Alexander Chesnovsky, sido convocado na manhã desse dia.
Durante a reunião, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Piotr Wawrzyk, exigiu uma explicação e sublinhou "que as ações tomadas pelas autoridades bielorrussas nas últimas semanas mostram, cada vez mais, uma escalada deliberada" do conflito entre os dois Estados.
Wawrzyk referiu que "a Polónia considera estas ações inaceitáveis" e garantiu que "não serão toleradas".
O vice-ministro disse ainda ao diplomata bielorrusso que "a Polónia está determinada a defender as suas fronteiras e as fronteiras externas da União Europeia", disse Jasina num comunicado.
Hoje, o vice-ministro da Defesa polaco, Marcin Ociepa, defendeu a construção de "um dispositivo defensivo e de vigilância" ao longo da fronteira com a Bielorrússia, que custará mais de 350 milhões de euros.
A obra, que será executada de acordo com uma lei que entra hoje em vigor, depois de ter sido promulgada na terça-feira pelo Presidente Andrzej Duda, inclui a construção de um muro de três metros de altura, que custará cerca de 330 milhões de euros, e um sistema de vigilância eletrónico avaliado em mais de 20 milhões de euros.
Ociepa garantiu que "os sentimentos humanitários e de segurança podem ser conciliados" e afirmou que "quem cruzar a fronteira será tratado de acordo com o procedimento adequado".
Há poucas semanas, o executivo polaco aprovou uma reforma urgente da lei de imigração para permitir a expulsão imediata de migrantes ilegais, sem sequer considerar quaisquer pedidos de asilo.
"Não há outra maneira", sublinhou Ociepa, acrescentando ser necessário "enviar uma mensagem ao mundo de que a fronteira polaca é segura".
Nos últimos meses, milhares de migrantes da Síria, Iraque, Afeganistão e de vários países africanos foram atraídos para a Bielorrússia com vistos de turista e encorajados a cruzar a fronteira para a Polónia, a Lituânia e, em menor medida, a Letónia, três Estados que fazem fronteira com a Bielorrússia e que constituem uma porta de entrada para a União Europeia.
A UE tem acusado o Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, de atrair cidadãos de países do Médio Oriente e de África para Minsk e depois facilitar-lhes a passagem para o espaço comunitário como retaliação pelas sanções económicas impostas por Bruxelas contra o seu regime.
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