Os ataques dos rebeldes ocorreram nas cidades de Tshani Tshani e Mapsana, na província de Ituri, onde estes supostamente se infiltraram entre a população, disseram os mesmos elementos da sociedade civil e das forças armadas.
Segundo os depoimentos dos vizinhos que conseguiram escapar com vida, a presença dos rebeldes vinha a ser relatada desde a noite de sexta-feira, tendo alegado que "alertaram o Exército, mas não houve reação", disse o coordenador dos grupos da sociedade civil em Ituri, Jean Bosco Lalo, num contacto telefónico com a Efe.
Para o ativista, o alerta não foi levado a sério e a tragédia aconteceu.
"É isso que lamentamos, o Exército não está tão próximo da população", disse.
Também por telefone, o porta-voz do Exército, tenente Jules Ngongo, afirmou que as Forças Armadas da RDCongo (FARD) lamentam o incidente, mas criticam a população por "não os avisar a tempo".
"Acabámos de entrar, mas as nossas forças já estão lá e estamos a investigar quem são os nossos inimigos", salientou o militar.
Este ataque ocorreu, depois de em 01 de setembro pelo menos quatro civis terem morrido e sessenta reféns terem sido libertados, após a ADF ter feito uma emboscada a um comboio de comerciantes em Ituri, apesar de ser escoltado pelo Exército e por elementos da missão das Nações Unidas no país (Monusco).
A ADF começou sua campanha violenta em 1996 no oeste de Uganda como resposta à política do regime do Presidente ugandês, Yoweri Museveni, que acusavam de ser contra os muçulmanos, até que o Exército forçou a sua retirada para a fronteira com a RDCongo.
A partir daí, fizeram incursões no território congolês, no último ano mais frequentes e violentas, aproveitando a geografia montanhosa que lhes permite esconder-se das operações militares e da Monusco, que conta com mais de 14.000 efetivos.
O programa da ADF é vago e existe uma ligação com a organização jihadista Estado Islâmico, que às vezes se responsabiliza por alguns dos seus ataques.
Em 15 de agosto, o presidente da RDCongo, Felix Tshisekedi, autorizou as forças especiais dos Estados Unidos a ajudarem o exército congolês a combater a ADF, grupo considerado pelos EUA de "terrorista".
Em resposta à violência, Kivu Norte e Ituri estão desde 06 de maio sob cerco e administração militar.
De acordo com os últimos dados publicados pela Kivu Security Tracker, desde 2017 a ADF causou mais de 980 vítimas por "morte violenta" em mais de 170 ataques, apesar de outras organizações atribuírem a este grupo milhares de mortes.
O nordeste da RDCongo está há anos mergulhado num conflito armado, alimentado por rebeldes e ataques de soldados do Exército, apesar da presença das forças militares das Nações Unidas.
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