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Crianças cabo-verdianas tentam um futuro no ballet

As crianças da Academia Livre das Artes Integradas do Mindelo (ALAIM), na ilha cabo-verdiana de São Vicente, veem o ballet clássico como aposta de futuro, tentando contrariar o preconceito, enquanto sonham com uma vida ligada à dança.

Crianças cabo-verdianas tentam um futuro no ballet
Notícias ao Minuto

08:37 - 21/06/21 por Lusa

Mundo Ballet

Com apenas 7 anos, Brigitte Évora do Santos frequenta o núcleo de ballet clássico da ALAIM e mostra-se focada no sonho de ser bailarina, depois de convencer a mãe.

"Inspirei-me num desenho animado a que assistia desde muito pequena e pedi que a minha mãe me inscrevesse nas aulas", conta, à conversa com a Lusa durante os ensaios, nos quais participa também a prima.

É uma das cerca de 60 crianças que frequentam o núcleo de ballet clássico da ALAIM, instituição que se tornou numa referência na Cultura da ilha de São Vicente, e à dança também atribui parte da responsabilidade por ser boa aluna na escola.

Com a mesma motivação em aprender ballet clássico, Jason Santos, de 11 anos, é um dos 20 rapazes da instituição, todos com bolsa de estudo integral. Há nove meses, começou a frequentar as aulas e acredita que o seu corpo tem correspondido de forma positiva a este novo estímulo, acreditando mesmo que, além da dança, o ballet o ajudará a ser jogador de futebol.

Mas o grande desafio tem sido consigo e com os outros, para mostrar que o ballet é para todos: "Não ligo quando dizem que é dança de menina, porque sei que não é e até já trouxe alguns amigos que passaram a frequentar as aulas".

Enquanto isso, toda a turma está neste momento dedicada a preparar a primeira apresentação do grupo, prevista para finais de junho.

"Estamos muito ansiosos", confessa Jason.

A ideia do núcleo de ballet clássico, segundo Janaína Alves Banco, coordenadora do ALAIM e uma das professoras, é despertar nas crianças a paixão pelo ballet, esperando que alguns continuem a atividade e até venham a integrar grandes companhias de dança internacionais, face à qualidade que ali existe.

Já a aposta nas aulas gratuitas para os rapazes, explica, foi a "melhor estratégia encontrada" para os aproximar do ballet e garante que tem surtido um efeito positivo.

"Começámos com um rapaz e depois foram aparecendo outros e agora já temos até na turma do 'babyclasse', que são alunos dos 4 e 5 anos. Queremos quebrar todos os preconceitos em volta da dança e do ballet clássico", acrescentou Janaína Alves Banco.

"O ballet clássico traz muita disciplina, compromisso, responsabilidade e quem sabe se começarmos a incutir estes pontos para demonstrar que a dança é importante e que tem de ser vista com outros olhos, conseguiremos criar uma outra mentalidade nas pessoas", apontou ainda.

Uma das professoras do núcleo, com nove meses de atividade, foi formada em dança em Portugal e tem sido uma referência, por ser considerada uma segunda geração de outro projeto de dança anteriormente desenvolvido na ALAIM. Agora, é professora destas crianças no núcleo de ballet clássico.

"Em seis anos de existência da ALAIM já temos uma segunda geração que já está voltando, que é a Jennifer e ela está a dar aulas. É muito lindo de ver isso, uma jovem recém-licenciada a dar aulas para um grupo de ballet clássico, no espaço onde também estudou", disse.

A intenção não é só de formar um profissional do ballet, mas sim um bom profissional, em qualquer área, uma vez que além do corpo, mexe também com a concentração, defendeu Janaína Alves Banco.

Leia Também: Apoio português leva ballet clássico a crianças cabo-verdianas no Mindelo

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