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Eslovénia aposta as fichas no alargamento da União Europeia

A Eslovénia, que assume a presidência do Conselho da União Europeia (UE) a 1 de julho, quer voltar a pôr na agenda o alargamento aos países dos Balcãs Ocidentais, defendendo-o como "uma oportunidade estratégica".

Eslovénia aposta as fichas no alargamento da União Europeia
Notícias ao Minuto

09:40 - 28/05/21 por Lusa

Mundo UE/Presidência

Em entrevista à Lusa, no final da reunião informal de ministros dos Negócios Estrangeiros da UE que se realizou nesta quinta-feira, em Lisboa, Anze Logar sustentou que a mais-valia da Eslovénia é poder ser "um mediador honesto para as questões relacionadas com o alargamento e com as relações externas com os parceiros a oriente e a sul".

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Eslovénia aponta os Balcãs Ocidentais como "uma oportunidade estratégica para a UE" e garantiu que os seus homólogos europeus concordam com "o sucesso" da política de alargamento da UE.

"Todos partilhamos a ideia de que os Balcãs Ocidentais pertencem à UE e, por isso, temos de encontrar uma solução para apoiar e investir mais nos processos de reforma [nesses países candidatos] para atingir os padrões que a UE exige", defendeu.

Anze Logar sublinhou que "a nova posição geoestratégica das superpotências mundiais revela que, se não se estiver presente, outros estarão e isso pode representar uma ameaça estratégica ou mesmo à segurança".

"Para manter a sua posição estratégica, a UE não pode desligar-se de uma parte do continente e os Balcãs Ocidentais são uma dessas partes. Se não estivermos lá, alguém estará", avisou o ministro esloveno, sem mencionar diretamente nenhum país.

Em 2003, o Conselho Europeu afirmou a sua determinação em apoiar a perspetiva europeia dos países dos Balcãs Ocidentais.

A Eslovénia foi o primeiro país da região a entrar no círculo europeu, em 2004, seguindo-se a Croácia em 2013. Pela mesma altura, Sérvia e Montenegro iniciaram negociações e em 2020 houve acordo político para a abertura de conversações com a Albânia e a República da Macedónia do Norte. Bósnia-Herzegovina e Kosovo são, para já, apenas potenciais candidatos.

"Vamos ser muito ativos, especialmente na zona dos Balcãs Ocidentais", prometeu Anze Logar.

Os últimos alargamentos representaram "um desafio" para a tomada de decisões na UE e ainda persistem "algumas dificuldades" em "aprovar uma posição comum" sobre uma nova abertura a países candidatos, reconheceu o ministro esloveno.

Porém, assinalou, após "uma pausa na política de alargamento" durante as duas últimas Comissões Europeias, agora o assunto "está a ganhar voz nas capitais [da UE] e também em Bruxelas", que voltou a ter um comissário com a pasta do alargamento.

A conferência sobre a relação entre a UE e os países dos Balcãs Ocidentais que a Eslovénia pretende realizar durante a sua presidência do Conselho servirá "não para discutir cada país e os seus fracassos no processo de negociação", mas "para discutir a questão a um nível mais estratégico", frisa o ministro.

O desbloqueio e o reforço dos fundos de apoio para enfrentar o impacto da pandemia será outra das prioridades da presidência eslovena, que quer ainda debater o sistema de gestão de crises da UE.

"A União Europeia deveria estar mais preparada para gerir crises", admitiu Anze Logar, realçando que essa impreparação não foi apenas visível na resposta à pandemia de covid-19, mas também na gestão das migrações e da crise económico-financeira de 2008.

A UE tem de "preparar antecipadamente uma resposta e uma ação coordenada", defendeu, até porque "de tempos em tempos surgem crises, cada vez mais regulares".

Uma Europa "robusta e resiliente" precisa de infraestruturas fundamentais e autonomia estratégica", frisou, assinalando que a vacinação revelou "um problema".

"O Reino Unido está a produzir vacinas, os Estados Unidos estão a produzir vacinas, a China está a produzir vacinas, a Índia está a produzir vacinas, a Rússia está a produzir vacinas... e, numa fase inicial, a União Europeia estava sobretudo a comprar vacinas", comparou.

"Esta é uma das infraestruturas críticas que revelam que devemos investir forte na pesquisa e na capacidade", sustentou o chefe da diplomacia eslovena, sublinhando: "Estamos a assistir a uma diplomacia das vacinas."

Saúde e cibersegurança serão tópicos prioritários da presidência eslovena, que prosseguirá com a Conferência sobre o futuro da Europa, que abre aos cidadãos a reflexão sobre "o melhor funcionamento" da UE.

"Nenhuma presidência fecha todos os dossiês que estão em cima da mesa", observou o ministro esloveno, comentando a atual presidência portuguesa do Conselho da UE, de que poderá herdar dossiês não concluídos.

A diplomacia eslovena mantém "contacto ativo" com a diplomacia portuguesa, para dar continuidade ao programa do trio de presidências do Conselho (Alemanha, Portugal, Eslovénia) e acredita que poderá realizar reuniões presenciais durante a maior parte da presidência, no segundo semestre deste ano.

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