Pandemia agudizou discriminação da minoria cigana na Bulgária
A pandemia de covid-19 e as restrições sociais e comerciais impostas para combatê-la agravaram a discriminação contra a minoria cigana na Bulgária, cerca de 10% da população do país balcânico, denuncia um relatório da Amnistia Internacional (AI).
© Reuters
Mundo Amnistia
No primeiro confinamento em março e abril de 2020, a Bulgária impôs uma quarentena generalizada a diversas comunidades ciganas e restringiu a liberdade de circulação da sua população, recorda o documento emitido esta semana, pouco antes do Dia Internacional do Povo Cigano que se celebra hoje.
"A polícia e a guarda nacional impuseram praticamente uma quarentena obrigatória aos habitantes, impedindo a saída do bairro de todas as pessoas. Assim, durante dias não pudemos ir trabalhar nem comprar comida", recordou à agência noticiosa Efe Fari Mustan, um habitante de um bairro cigano na periferia de Sófia.
As restrições foram motivadas, assegurou, pelo facto de diversos 'media' locais terem insinuado a existência de surtos da doença covid-19 nos bairros ciganos por não estarem a ser respeitadas nesses locais as medidas contra a pandemia.
As autoridades chegaram a utilizar 'drones' [aparelhos aéreos não tripulados] com sensores térmicos para medir a temperatura dos habitantes de bairros ciganos ou aviões para desinfetar essas zonas a partir do ar, assinala no seu relatório a organização não-governamental (ONG) de defesa dos direitos humanos.
A AI acrescenta que, a nível político, se assistiu na Bulgária no decurso da pandemia a uma crescente agressividade na retórica contra os ciganos.
O texto exemplifica esta prática ao indicar que o partido ultranacionalista VMRO apenas descreve a minoria cigana como um grupo suscetível de ameaçar a população em geral.
Para mais, vários ministros do Governo de centro-direita ameaçaram endurecer as medidas anti-covid nos aglomerados ciganos, sugerindo que esta minoria está a ignorar deliberadamente as regras de distanciamento físico.
Teodora Krumova, diretora de programa da Amalipe, uma ONG que fomenta o diálogo e a tolerância interétnica, também denunciou hoje que a comunidade cigana da Bulgária continua a ser vítima de estereótipos, sobretudo pela cor da pele, dominantes entre a maioria social da Bulgária, uma população de origem eslava e religião ortodoxa.
"Devido a estes estereótipos, muitos jovens ciganos com boa educação e bom estatuto social optam por esconder a sua identidade", assegurou a ativista em declarações à rádio pública e no âmbito do Dia Internacional do Povo Cigano.
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