Arábia Saudita propõe cessar-fogo aos Huthis, mas rebeldes recusam
A Arábia Saudita propôs hoje um cessar-fogo "global" para acabar com o conflito devastador no Iémen que opõe há mais de seis anos os rebeldes Huthis, apoiados pelo Irão, às forças governamentais, ajudadas por uma coligação dirigida por Riade.
© AFP via Getty Images
Mundo Iémen
Os rebeldes xiitas já rejeitaram a proposta, considerando não ter "nada de novo".
O reino, que intervém militarmente no Iémen desde 2015, fez várias propostas, incluindo "um cessar-fogo global em todo o país sob a supervisão das Nações Unidas", anunciou o governo saudita num comunicado.
Riade propôs ainda reabrir o aeroporto de Sanaa, a capital iemenita ocupada pelos rebeldes e relançar as negociações políticas entre o governo do Iémen reconhecido internacionalmente e os Huthis, adianta.
Os rebeldes tinham indicado recentemente que a abertura de todo o espaço aéreo e marítimo do Iémen, sob controlo saudita, era uma condição para qualquer processo de diálogo.
"Queremos que as armas se calem completamente", declarou à imprensa o ministro dos Negócios Estrangeiros saudita, o príncipe Fayçal ben Farhane, durante uma conferência em Riade.
"A iniciativa entrará em vigor assim que os Huthis a aceitarem", adiantou.
Segundo o canal televisivo dos Huthis, Al-Massirah, um porta-voz dos rebeldes, Mohammed Abdelsalam, já rejeitou a proposta dos sauditas.
"A Arábia Saudita deve anunciar o fim da agressão e levantar completamente o bloqueio (ao Iémen), porque apresentar ideias discutidas há mais de um ano não é nada de novo", disse Abdelsalam.
Em abril de 2020, a coligação militar dirigida pela Arábia Saudita anunciou um cessar-fogo temporário no Iémen para impedir a propagação do coronavírus, mas os rebeldes rejeitaram a iniciativa, qualificando-a de manobra política.
A última proposta de Riade acontece num contexto de recrudescimento dos ataques dos Huthis, com aviões não tripulados ('drones') e mísseis, contra o reino, nomeadamente as suas instalações energéticas.
Os Huthis realizam atualmente uma ofensiva para tomarem Marib, o último bastião do governo no norte do país, praticamente todo nas mãos dos rebeldes.
A guerra do Iémen já causou dezenas de milhares de mortos e milhões de deslocados, provocando a maior crise humanitário do mundo, segundo a ONU.
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