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Etiópia: EUA criticam "atos de limpeza étnica" em Tigray

O chefe da diplomacia dos Estado dos Estados Unidos da América, Antony Blinken, criticou hoje pela primeira vez os "atos de limpeza étnica" na região etíope de Tigray, palco de uma operação militar contra o poder regional.

Etiópia: EUA criticam "atos de limpeza étnica" em Tigray
Notícias ao Minuto

06:35 - 11/03/21 por Lusa

Mundo Etiópia

Numa audição parlamentar citada pela agência France-Presse (AFP), o secretário de Estado dos EUA afirmou que as forças no terreno deveriam "abster-se de violar os direitos humanos do povo de Tigray ou de cometer atos de limpeza étnica".

Em 04 de novembro, o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, Nobel da Paz em 2019, lançou uma operação militar na região de Tigray após meses de tensão crescente com as autoridades regionais da Frente Popular de Libertação do Tigray (TPLF, na sigla em inglês).

A operação foi apoiada pelas forças regionais de Amhara, região a sul de Tigray, para segurar grandes áreas após a retirada da TPLF. Estima-se também que esta tenha sido apoiada por tropas da vizinha Eritreia, inimigo jurado das TPLF, que terão tido um papel proeminente nos combates e que são acusadas de terem realizado massacres de civis.

"Compreendo perfeitamente as preocupações que o primeiro-ministro tinha acerca da TPLF e das suas ações, mas hoje a situação em Tigray é inaceitável e tem de mudar", defendeu Blinken, citado pela AFP.

O secretário de Estado norte-americano apontou dois "desafios" das forças de segurança, referindo-se à presença das forças da Eritreia e de Amhara, que "devem partir", e às violações dos direitos humanos pelas forças destacadas em Tigray.

"Isto tem de parar", disse o governante norte-americano, que reiterou o apelo a uma "investigação independente" e a um "processo de reconciliação".

Blinken pediu também para que as autoridades permitam um acesso livre pelas organizações de ajuda humanitária.

Durante o dia de hoje, um diplomata etíope em Washington apresentou a demissão do seu posto, depois da crescente preocupação com as alegadas atrocidades registadas em Tigray.

Na declaração em que apresenta o seu afastamento do cargo de chefe adjunto de missão na embaixada da Etiópia em Washington, Berhane Kidanemariam criticou o primeiro-ministro etíope, que classificou como imprudente.

"Com o surgimento do primeiro-ministro Abiy Ahmed, eu, como muitos outros etíopes, tinha grandes esperanças de reformas genuínas que pudessem transformar o nosso ambiente político", refere a declaração citada pela Associated Press (AP).

"No entanto, em vez de cumprir a sua promessa inicial, ele conduziu a Etiópia por um caminho sombrio em direção à destruição e desintegração. Como tantos outros (...), estou cheio de desespero e angústia com a direção para que está a levar o nosso país", disse Kidanemariam, natural de Tigray.

O diplomata acrescentou que Ahmed "exacerbou deliberadamente o ódio entre diferentes grupos" ao destacar tropas externas em Tigray.

Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, mais de 60.000 pessoas fugiram da violência em Tigray, tendo procurado refúgio no vizinho Sudão.

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